Redes sociais, vídeos e utilização do telemóvel
Como se lê e consome notícias na atualidade
Num mundo assoberbado de informação a cada segundo, onde há muito ruído e pouca clareza, é fundamental a função de um mediador que verifica o que está a ser dito, que confronta todos os lados envolvidos e que garante o rigor de uma notícia. O papel dos jornalistas nunca foi, por isso, tão relevante como hoje.
Mas a forma como se consomem notícias mudou muito nas últimas décadas — e continua em constante mudança. Cada vez mais, as pessoas tropeçam em notícias nos seus feeds das redes sociais, não vão à procura delas. E isso acontece sobretudo na palma da mão: o telemóvel é, mais do que nunca, o meio privilegiado para contactar com informação.
O tempo e a atenção dispensada às notícias também sofreu mudanças muito rápidas nos últimos anos. Um sinal claro disto é a quantidade enorme de conteúdos que têm muito mais partilhas e comentários nas redes do que visitas à página onde está a notícia completa. Isto significa que estamos, muitas vezes, a comentar o que não dominamos inteiramente, o que não procuramos saber em profundidade, a partir de deduções e julgamentos precipitados.
Um enorme desafio que enfrentamos hoje é a proliferação das chamadas “câmaras de eco”, que são potenciadas pelos algoritmos que tentam “aprender” do que gostamos a partir do nosso comportamento nas redes sociais. Se só nos informarmos pelo que aparece no nosso feed de notícias e se fizermos muitas vezes “like” em publicações de um jornal populista, por exemplo, ao fim de algum tempo aquela rede social vai deixar de nos expor a conteúdos de jornais de referência. E poderá chegar a um ponto em que achamos que as notícias são todas sensacionalistas, porque nunca contactamos com notícias feitas de outra forma.
É como se estivessemos fechados numa sala só com pessoas que pensam da mesma maneira, que defendem o mesmo que nós, que ouvem as mesmas músicas e gostam dos mesmos filmes — deixa de haver espaço para conhecer coisas novas, para contactar com visões e argumentos diferentes e, no limite, para crescer, aprender e ser um cidadãos mais esclarecido, mais exigente e que não escolhe ter uma opinião como quem escolhe um clube de futebol.
Tirar o melhor partido das redes sociais e da forma rápida como a informação chega ao nosso telemóvel depende dos jornalistas, mas também dos cidadãos. A informação falsa circula muito mais rapidamente e com maior alcance do que a informação verificada sobre o mesmo tema. Por isso é muito importante estarmos atentos e não acreditarmos em tudo o que aparece no nosso feed sem verificar se a fonte é credível. Cidadãos exigentes e bem informados serão mais dificilmente enganados.
Temas
Ficha Técnica
- Título: Como se lê e consome notícias na atualidade
- Área Pedagógica: Ensino para os Media
- Tipologia: Explicador
- Autoria: Catarina Santos - Associação Literacia para os Media e Jornalismo (ALPMJ)
- Produção: RTP
- Ano: 2021
- Imagem: Foto de Matheus Bertelli no Pexels