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Fontes de informação, ética e deontologia na era digital

Fontes de informação, ética e deontologia na era digital

O jornalismo tem uma ética profissional própria, a que chamamos deontologia. Os jornalistas obedecem a um Código Deontológico, uma espécie de tratado com onze princípios éticos e regras profissionais.

A deontologia, nome que se dá à ética profissional dos jornalistas, funciona como um selo de credibilidade. Um jornalista será mais ou menos reputado quanto mais ético for o seu desempenho profissional.

A deontologia é também uma garantia para o público, que assim pode confiar num determinado jornalista, sabendo que se guiará pelo interesse público e não por interesses meramente individuais.

Parte da deontologia está vertida no Estatuto do Jornalista, que é lei. Mas o documento mais importante é o Código Deontológico, que é uma espécie de bíblia para os jornalistas.

Entre os onze princípios que guiam a atividade dos jornalistas estão, por exemplo, o rigor, ouvir todas as partes com interesses num determinado caso, salvaguardar a presunção de inocência, respeitar a privacidade dos cidadãos.

Um jornalista também não pode acusar sem provas nem identificar, direta ou indiretamente, menores de idade e vítimas de crimes.

O jornalista deve ainda rejeitar qualquer tipo de discriminação das pessoas e recolher declarações e imagens em condições de serenidade, sem humilhar as pessoas ou perturbar a sua dor.

Ao contrário dos entertainers, bloggers, influencers ou outros comunicadores, os jornalistas estão obrigados a retificar informações que se revelem inexatas ou falsas.

Outra particularidade importante é que, no jornalismo, tem de estar sempre bem claro o que é notícia e o que é opinião.

Como os jornalistas nem sempre testemunham diretamente os acontecimentos, têm de recorrer a fontes para os relatar – que podem ser outras pessoas, mas também documentos e dados. Depois, combinam esses testemunhos para relatarem um acontecimento da forma mais aproximada à verdade possível.

Não há jornalismo sem fontes e os jornalistas são profissionais capacitados para trabalhar, com rigor e honestidade, a informação que estas passam.

É importante sabermos que todas as fontes têm interesses – ainda que possa ser o interesse público, ou seja, um assunto que interessa a muita gente.

Existem vários tipos de fontes de informação: as pessoas, quer porque os jornalistas as observam, quer porque as entrevistam nalguma qualidade; os documentos oficiais e os dados estatísticos. Por vezes, um órgão de informação cita informações veiculadas por outros órgãos de informação. Mais raramente, o que é divulgado na Internet, em blogues ou redes sociais, também pode, com as devidas cautelas, servir de fonte, mas deve ser sempre confirmado.

A regra é a identificação das fontes de informação – com nome, cargo ou função e outras características que sejam pertinentes.

A confidencialidade é, portanto, a exceção – e só deve ser usada nos casos em que é necessário proteger as próprias fontes e em que o interesse público o justifique. Nestes casos, o jornalista tem obrigação de proteger a identidade dessas fontes.

Um jornalista não deve revelar, mesmo em tribunal, a identidade das suas fontes de informação, a não ser que estas o tenham manipulado para veicular informações falsas.

Os jornalistas selecionam as fontes de informação com base na sua credibilidade e no conhecimento que têm sobre o assunto em causa e também no interesse da informação que têm para dar e na clareza com que conseguem transmiti-la.

Os jornalistas têm de manter algum distanciamento das fontes de informação e isso nem sempre é fácil, porque têm com elas uma relação constante e frequente.

O jornalismo guia-se pelo interesse público, de toda a sociedade, e não deve servir para ajustes de contas ou enviar recados de uns para outros.

Nem sempre é fácil encontrar fontes de informação que dominem o discurso do jornalismo e essa é uma das razões para termos aquela sensação de que são sempre os mesmos que falam, nas televisões, nas rádios, nos jornais, nos sites.

Além disso, o jornalismo prefere as fontes oficiais, sobretudo políticas, e as instituições sólidas, como universidades, hospitais, escolas, etc. Ora, estas fontes são mais frequentemente homens, de raça branca e já com uma certa idade ou experiência, o que acaba por excluir do chamado espaço mediático as mulheres, os não-brancos e os jovens.

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Ficha Técnica

  • Título: Fontes de informação, ética e deontologia na era digital
  • Área Pedagógica: Ensino para os Media
  • Tipologia: Explicador
  • Autoria: Sofia Branco - Associação Literacia para os Media e Jornalismo (ALPMJ)
  • Produção: RTP
  • Ano: 2020
  • Imagem: Foto de Monstera no Pexels