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Explicar a importância de fósseis em datação relativa e reconstituição de paleoambientes.

Explicar a importância de fósseis em datação relativa e reconstituição de paleoambientes.

Os fósseis, de idade ou estratigráficos, de ambiente ou de fácies, são fundamentais para a datação relativa das rochas e para a reconstrução paleoambiental. Descubra a explicação a seguir!

A Paleontologia é o ramo da Geologia que estuda os fósseis. Estes são restos de seres vivos que existiram no passado da Terra e que ficaram preservados nas rochas. Quando ocorre a morte do organismo, os seus restos são enterrados juntamente com sedimentos. Assim, a formação do fóssil e da rocha são acontecimentos simultâneos, pelo que a idade do fóssil corresponde à idade da rocha que o contém, sendo este facto determinante para a utilização dos fósseis na datação relativa das rochas. As rochas sedimentares são, assim, o principal tipo de rochas onde os fósseis podem ser encontrados. 

Mas a importância dos fósseis não se resume àquele aspeto, sendo também fundamentais para o estudo da origem e evolução da vida na Terra, bem como para a reconstituição dos ambientes do passado (paleoambientes). 

É importante realçar que, apesar dos muitos fósseis que podem ser observados nas rochas, a fossilização é um processo raro. Desde logo, da totalidade de seres vivos que existiram no passado, apenas uma pequena fração se preservou e chegou até à atualidade sob a forma de fósseis. 

De todos os fósseis conhecidos, nem todos têm o mesmo significado e importância para o estudo do tempo e dos paleoambientes da Terra. 

Um fóssil de idade ou estratigráfico corresponde a uma espécie de organismos que viveu na Terra durante um curto intervalo de tempo, à escala geológica (estando, por isso, representado apenas num conjunto reduzido de estratos), e com uma grande distribuição geográfica (podendo, assim, ser encontrado em colunas estratigráficas de diferentes locais da Terra). Por estes motivos, estes fósseis são bons indicadores de um intervalo de tempo concreto da história da Terra, permitindo, entre outras situações, estabelecer uma correlação entre camadas rochosas de diferentes locais, inclusivamente de diferentes continentes. Assim, se os estratos presentes em diferentes locais contêm o mesmo fóssil de idade, então os estratos serão da mesma idade (Princípio da Identidade Paleontológica). 

Quando se afirma que as trilobites são bons fósseis de idade da Era Paleozoica, ou as amonites em relação à Era Mesozoica, estão a ser referidos grupos de fósseis (trilobites e amonites) que existiram na Terra durante centenas de milhões de anos, o que contraria uma das condições do fóssil de idade (espécie que existiu num curto intervalo de tempo, na Terra). Por isso, essa referência deverá ser complementada com mais informação, uma vez que estes grupos integram muitas espécies. São estas diferentes espécies de trilobites e de amonites que são bons fósseis de idade, de facto, pois cada uma delas corresponde a intervalos de tempo bem definidos, dentro daquelas eras geológicas. 

Um fóssil de ambiente ou de fácies corresponde a restos biogénicos que permitem inferir informação precisa sobre as condições ambientais em que viveu o organismo que lhes deu origem, bem como sobre as condições em que a rocha que o contém se formou. Em certa medida, todos os fósseis acabam por fornecer alguma informação paleoambiental, uma vez que não é difícil de concluir tratar-se de um fóssil correspondente a seres terrestres ou marinhos, por exemplo. 

No entanto, determinados grupos são particularmente importantes e precisos, no que respeita às informações paleoambientais que fornecem. Um excelente exemplo são os corais. Estes animais vivem, ainda hoje, em águas marinhas relativamente quentes (aspeto fundamental para a precipitação do seu esqueleto calcário), pouco profundas (aspeto fundamental para a obtenção da luz solar pelas algas que vivem em simbiose com o coral) e com alguma agitação (fundamental para a renovação do oxigénio de que o animal necessita). Estas condições ambientais verificam-se em determinadas regiões climáticas/latitudes da Terra, mais próximas do Equador. Assim, pela aplicação do princípio das causas atuais, poderá concluir-se que os corais fósseis presentes em várias rochas calcárias da Era Mesozoica em Portugal, por exemplo, correspondem a organismos que viveram há milhões de anos em regiões climáticas/latitudes mais próximas do Equador, diferentes daquelas onde hoje se encontram os seus fósseis. 

Em resumo:

  • Os fósseis de idade ou estratigráficos são fundamentais para a datação relativa das rochas, pois correspondem a grupos de seres vivos que existiram em intervalos de tempo precisos no passado da Terra;
  • Os fósseis de ambiente ou de fácies são fundamentais para a reconstrução paleoambiental, pois fornecem indicações precisas sobre as condições ambientais em que viveram os organismos que lhes deram origem, bem como sobre as condições nas quais se formou a rocha que contém esses fósseis.

Temas

Ficha Técnica

  • Título: Explicar a importância de fósseis (de idade/de fácies) em datação relativa e reconstituição de paleoambientes.
  • Área Pedagógica: Geologia
  • Tipologia: Explicador
  • Autoria: Adão Mendes - Associação Portuguesa de Professores de Biologia e Geologia (APPBG)
  • Ano: 2020
  • Agradecimentos: Professor Doutor Pedro Callapez Tonicher (DCT-UC).
  • Imagem: fotografia de , Marcus Lange, Pexels.