Explicar características litológicas e texturais de rochas sedimentares com base nas suas condições de génese.

Embora as rochas sedimentares não sejam muito representativas no conjunto da litosfera, no entanto elas recobrem uma parte importante da superfície dos continentes. A observação da carta geológica de Portugal evidencia também esse facto. 

Sedimentos são partículas sólidas que correspondem a fragmentos de rocha e/ou minerais, bem como a conchas ou fragmentos delas e, ainda, a minerais resultantes da precipitação de sais a partir das águas. Assim, rochas sedimentares são aquelas formadas por sedimentos. De acordo com a origem/natureza dos sedimentos presentes, assim se classificam os diferentes tipos de rochas sedimentares. Os locais de formação de rochas sedimentares são classificados em ambientes continentais (fluviais, desérticos, lacustres, entre outros), ambientes de transição (como os deltaicos, estuarinos e lagunares) e ambientes marinhos de diferentes profundidades. 

De uma forma geral, as rochas sedimentares são formadas em resultado de dois conjuntos de processos: a a sedimentogénese e a diagénese. A sedimentogénese corresponde ao conjunto dos processos físicos e químicos que originam os sedimentos, até à sua deposição nas bacias, incluindo a meteorização, erosão, transporte e sedimentação. Acontecem essencialmente em condições de superfície. A diagénese, pelo contrário, ocorre essencialmente em profundidade na litosfera e corresponde ao conjunto dos processos que transformam sedimentos soltos numa rocha sedimentar coesa (=consolidada), incluindo a compactação e cimentação. 

A meteorização (=alteração) das rochas corresponde ao conjunto dos processos físicos (como termoclastia, crioclastia, haloclastia, ação mecânica dos seres vivos, descompressão das rochas originando diáclases) e químicos (como dissolução, hidratação/desidratação, oxidação/redução e hidrólise). Os sedimentos formados sofrem posteriormente erosão (remoção dos sedimentos formados), um processo essencialmente físico. Os rios, as ondas marinhas e os glaciares são importantes agentes erosivos. Os sedimentos erodidos são transportados por agentes como os rios, o vento ou os glaciares. O tipo de transporte dos sedimentos numa corrente de água, como num rio, depende da sua dimensão e da sua forma, essencialmente, podendo ser feito por arrastamento junto ao fundo (sedimentos de grande dimensão, como os balastros), por rolamento (sedimentos de grande dimensão com forma relativamente esférica), por saltação (sedimentos da dimensão das areias) e por suspensão (sedimentos argilosos ou sedimentos maiores mas com formas planares, como as micas).  

À medida que o declive do leito do rio diminui, a velocidade da corrente transportadora também diminui, o que implica a diminuição da capacidade de transporte da corrente. Assim, a dimensão dos sedimentos transportados é cada vez menor desde a nascente até à foz, onde só chegam os sedimentos mais finos, pois a corrente é aqui mais fraca. Assim, a calibragem dos sedimentos vai aumentando da nascente para a foz, isto é, junto à nascente existem sedimentos com dimensões muito variadas (desde balastros até sedimentos finos argilosos), enquanto junto à foz os sedimentos têm todos dimensões muito aproximadas (areias, siltes e argilas, essencialmente).  

Durante o seu transporte os sedimentos continuam a sofrer meteorização, alterando as suas características em função do trajeto percorrido e do agente transportador. Assim, quanto mais transporte os sedimentos sofrem, maior será também o seu arredondamento, além da sua calibragem. O arredondamento de um sedimento corresponde ao grau de polimento da superfície desse sedimento. Pelo contrário, quanto menos polido ele for, mais anguloso será. A noção de arredondamento é, pois, completamente distinta da noção de esfericidade do sedimento (quando a forma do sedimento se assemelha à esfera). 

Quando chegam às bacias sedimentares (os oceanos, por exemplo), os sedimentos sofrem deposição (=sedimentação), originando uma das características essenciais deste tipo de rochas: as camadas ou estratos, resultantes da acumulação sucessiva de sedimentos nas bacias. 

Após a deposição dos sedimentos tem início a diagénese. Os sedimentos que vão sendo acumulados exercem pressão sobre aqueles já presentes na bacia, levando à redução dos poros (preenchidos por água) existentes entre os grãos – compactação. A água que circula entre os poros transporta sais dissolvidos que, em determinadas condições, precipitam para formar uma substância ligante (cimento), acabando por unir os sedimentos (cimentação), originando rochas sedimentares consolidadas. 

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