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Industrialização e colonialismo

Industrialização e colonialismo

O mundo industrializado cresceu a várias velocidades. As grandes potências industriais dominavam os países com economias mais frágeis, exportando os seus produtos e captando matérias-primas. Ao mesmo tempo, a corrida a África disparou no final do século XIX, o objetivo era aumentar o poder político, encontrar novas riquezas, alargar os mercados para a produção nacional e proporcionar mais investimentos às grandes empresas.

A Revolução Industrial e as consequentes transformações sociais, económicas e financeiras não foram uniformes em todos os países e continentes. As novas formas económicas coexistiram durante muito tempo com sistemas de produção antigos, criando grandes desigualdades nos graus de desenvolvimento o que originou relações de dependência e de domínio económico, cultural e político-militar entre países.

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O grande desenvolvimento da Inglaterra levou a que os seus governos defendessem o livre cambismo. Esta posição deveu-se à sua grande capacidade exportadora, pelo que lhe era conveniente a inexistência de taxas alfandegárias no exterior ou que pelo menos elas não fossem elevadas. Só assim não haveria quebras significativas na produção. Porém, os países com processos de industrialização mais lentos, como foram os casos de Portugal, Espanha e Itália, impunham de tempos a tempos políticas protecionistas, não só devido às crises cíclicas do capitalismo, restringindo assim as importações, mas também como forma de impulsionar a produção interna para diminuir a dependência de produtos do exterior.

De facto, as desigualdades económicas punham em causa o equilíbrio económico de alguns países que se viam inundados de produtos por parte das grandes potências industriais, com as quais não lhes era possível competir. Estes países acabavam por estar dependentes de capitais, matérias-primas ou de técnicos especializados para impulsionar o seu desenvolvimento, o que acabava por levar a uma dominação política e dependência militar no complexo xadrez político de então.

No final do século XIX tinham-se criado grandes impérios europeus que dominavam vastas áreas do planeta com as suas colónias, das quais retiravam matérias-primas para as indústrias, ao mesmo tempo que tinham mercados para escoamento dos produtos transformados. As velhas forças coloniais, como Portugal e Espanha, já não ditavam os destinos do planeta e estavam submissas ao domínio da Grã-Bretanha, França e à nova potência emergente a Alemanha.

A corrida colonial foi uma realidade no final de oitocentos, em África e na Ásia, e ficou marcada pela conferência de Berlim, realizada entre o final de 1884 e princípios de 1885. Esta reunião ditou a partilha de África entre os vários países, antigas e novas potências, destacando-se nestas últimas a Alemanha, a Bélgica e a Itália.

A corrida à dominação de territórios extraeuropeus, as colónias, era considerado fundamental para a expansão económica e política. Nos novos territórios encontravam espaço para mais investimentos, colocação de população em excesso, novos mercados para escoamento de produtos e obtenção de matérias-primas. Logo, não foi de estranhar que países que nunca tinham tido ligações a África procurassem territórios para se expandirem, como foram os casos da Alemanha, Bélgica ou Itália, não sendo inocente a conferência ter-se realizado em Berlim.

Velhas potências coloniais, como Portugal, tentaram manter as suas posições e salvar o que era possível, mas sempre numa posição muito subalterna. O seu tempo já tinha passado.

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Esta fase da política europeia levou a uma enorme concorrência entre as grandes potências. Após a conferência houve uma corrida para estabelecer as novas áreas de influência, cimentando-se um nacionalismo exaltado, demarcando-se fronteiras e espaços exclusivos de domínio. O estabelecimento de populações brancas em diversos locais provocou a exploração económica das colónias que tinham de importar os produtos do país colonizador, com o qual tinham relações exclusivas, não podendo fazer-lhe concorrência. As populações locais foram dominadas política e economicamente tendo de acolher a técnica, a ciência e todos os instrumentos que as ditas nações civilizadoras transportavam.

Todas estas disputas levaram a tensões e originaram disputas territoriais, tendo como pano de fundo o acesso a riquezas, a matérias-primas e o domínio político. Houve conflitos entre a França e a Alemanha em África, entre Portugal e a Inglaterra e a própria Alemanha que tinham pretensões às colónias portuguesas, principalmente Angola e Moçambique. Mas não foi só em África que existiu expansão territorial, na Ásia o império russo cresceu para o extremo oriente, chocando com as ambições do Japão. Na Europa, a corrida ao espólio deixado pelo império otomano originou conflitos entre os impérios russo e austro-húngaro, nomeadamente nos Balcãs e no controlo dos estreitos no mar Negro. Todas estas rivalidades puseram em causa a segurança europeia e mundial.

Síntese:

  • As grandes potências industrializadas têm uma posição de domínio, político e económico, face a países com economias mais fragilizadas.
  • A grande necessidade de matérias-primas levou as potências europeias a uma corrida aos territórios africanos.
  • A necessidade de escoar produtos, de investir capitais e colocar população fez crescer o colonialismo e cimentar os nacionalismos.

Temas

Ficha Técnica

  • Área Pedagógica: Reconhecer como o aumento das diferenças nos níveis de desenvolvimento entre países ou regiões facilitou e potenciou o reforço das situações de dominação económica, cultural e/ou político-militar. Sublinhar que as colónias e os protetorados dos países industrializados se foram transformando em fornecedores de matérias-primas e consumidores de bens e serviços de elevado valor acrescentado oriundos das metrópoles.
  • Tipologia: Explicador
  • Autoria: Associação dos Professores de História/Nuno Pousinho
  • Ano: 2021
  • Imagem: Sudoeste Africano Alemão, Zeno