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A hibridização de géneros no jornalismo digital

Os géneros jornalísticos

Os géneros jornalísticos

Chama-se Géneros Jornalísticos às diferentes formas de trabalhar a informação de modo a melhor responder às necessidades do leitor/ espectador/ ouvinte e aos desafios da atualidade a cada momento. Qualquer tema pode ser tratado por qualquer um dos géneros. As diferentes abordagens dependem essencialmente da decisão da chefia de redação e das propostas dos jornalistas.

Os Géneros Jornalísticos são: Notícia, Entrevista, Perfil, Reportagem e Crónica. Destes, a Notícia, a Entrevista e a Reportagem são considerados os géneros mais nobres.

A Notícia é facilmente identificada por seguir de forma mais linear a lógica da pirâmide invertida, que implica a escrita do texto noticioso do mais importante – a novidade, a última hora – para o menos importante. Deve responder às questões essenciais: O Quê? Quem? Quando? Onde? Como? Porquê? Estas duas últimas (Como? e Porquê?) nem sempre podem ser respondidas assim que algo acontece, mas de um texto noticioso é esperado que vá de encontro, pelo menos, às outras quatro questões.

A expressão Entrevista pode ser usada em duas situações: enquanto método de investigação, sendo necessária em quase todos os trabalhos, e enquanto género jornalístico. Neste caso, é fácil distinguir, na medida em que é sempre publicado em forma de diálogo (pergunta-resposta), enquanto os restantes géneros chegam ao público em texto corrido, vulgarmente com recurso a discurso direto (as chamadas citações) e a discurso indireto.

O género Reportagem é considerado o mais completo porque exige o domínio de todos os géneros. Deve informar dando ao leitor a sensação de ser transportado para o local e situação da reportagem. Ao contrário dos outros géneros, que podem ser trabalhados à distância (via telefone, mail ou ligações de vídeo), a reportagem é o único que exige sempre a presença física do repórter no local. Embora nos outros géneros a presença física continue a ser preferencial, não impede o trabalho jornalístico caso não seja possível. A reportagem deve informar, interpretando, dando especial ênfase às perguntas Como? e Porquê?

O Perfil é um género mais versátil, que pode misturar reportagem, entrevista e notícia. Na sua essência, trata-se de uma biografia resumida e jornalística sobre alguém mediático ou digno de ser melhor conhecido com base em critérios de atualidade.

A Crónica é o único género que admite opinião, sendo muitas vezes o resultado de um misto entre informação e perceções próprias do autor sobre os acontecimentos.

Nos últimos anos tem-se assistido à tendência para uma maior hibridização dos géneros jornalísticos, optando-se por formatos que sobrepõem e mesclam informação, comentário e opinião, levando a maior confusão entre o que é noticioso e o que é entretenimento. Embora os géneros jornalísticos não sejam categorias fechadas, e menos ainda, modelos puros, importa evitar a confusão e estabelecer um contrato claro com o leitor/ espectador/ ouvinte: o que é jornalístico é informação e a informação baseia-se em factos, sujeitos a confirmação. Isto é, através das fontes (documentais ou pessoais) identificadas, qualquer pessoa poderá buscar a mesma informação e encontrar os mesmos factos, verificáveis.

Temas

Ficha Técnica

  • Título: Os géneros jornalísticos e a hibridização de géneros no jornalismo digital
  • Área Pedagógica: Ensino para os Media
  • Tipologia: Explicador
  • Autoria: Isabel Nery - Associação Literacia para os Media e Jornalismo (ALPMJ)
  • Produção: RTP
  • Ano: 2021
  • Imagem: Foto de Redrecords ©️ no Pexels