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Relacionar as características geológicas de uma região com as condições de formação de aquíferos.

Relacionar as características geológicas de uma região com as condições de formação de aquíferos.

Aquíferos são formações geológicas que apresentam porosidade e permeabilidade suficientemente elevadas para permitirem o armazenamento e a circulação de água subterrânea, bem como a sua exploração de forma economicamente rentável e ambientalmente sustentável.

Estas condições podem ser encontradas em diversos tipos de rocha, tais como, os arenitos, os calcários e os quartzitos. Pelo contrário, aquitardos são formações geológicas que, mesmo sendo porosas, apresentam permeabilidade muito reduzida. Neste caso, a água subterrânea flui lentamente e não permite a sua extração economicamente rentável e ambientalmente sustentável. Os aquitardos são, por exemplo, camadas de rochas argilosas onde predominam poros de pequena dimensão e com reduzida interligação. 

Os aquíferos podem caracterizar-se segundo diferentes critérios: 

1 – Quanto à natureza das rochas e ao tipo de porosidade nelas presente: 

  • Aquíferos porosos (em rochas com porosidade intergranular): a água é armazenada nos poros existentes entre os grãos que constituem as rochas, como no caso das rochas sedimentares detríticas. No entanto, a meteorização das rochas pode originar materiais desagregados, os quais, frequentemente, constituem aquíferos deste tipo. Por exemplo, nas zonas alteradas de maciços graníticos podem ocorrer materiais nos quais o armazenamento e a circulação de água subterrânea é semelhante à que ocorre nas rochas sedimentares detríticas.
  • Aquíferos em rochas fraturadas: nas rochas ígneas e metamórficas, normalmente com reduzida porosidade e permeabilidade, a água circula através das fraturas existentes nos maciços rochosos. Os granitos e outras rochas ígneas, mas também os quartzitos e outras rochas metamórficas, são exemplos de materiais geológicos que podem originar aquíferos em meios fraturados.
  • Aquíferos em rochas carsificadas: em rochas carbonatadas, como o calcário e o dolomito, bem como noutras rochas com minerais solúveis, como o gipsito, o armazenamento e a circulação da água subterrânea têm lugar em cavidades originadas pela dissolução da rocha ao longo das fraturas. Este processo de dissolução pode, mesmo, originar grandes cavidades, como as grutas.

2 – Segundo a estrutura dos aquíferos e a pressão da água no seu interior: 

  •  Aquíferos livres:  quando os aquíferos estão limitados na sua base por rochas de muito baixa permeabilidade (aquitardos), mas contactam diretamente com a atmosfera, na sua superfície superior (superfície freática), através dos poros da zona não saturada (camada situada acima do aquífero, na qual os poros contêm água e ar). Na superfície freática, a água encontra-se à pressão atmosférica. À medida que a água da precipitação se infiltra no solo e chega aos aquíferos (na chamada área de recarga), ela tende a acumular-se na zona saturada (na qual os poros estão apenas preenchidos por água), a qual corresponde ao aquífero livre. Gradualmente, o nível da água no aquífero vai subindo, preenchendo os poros da rocha. Designa-se por “superfície freática” a superfície que constitui o limite superior do aquífero livre, a qual separa a zona saturada da zona não saturada (ou zona de aeração).

Nas épocas mais chuvosas, a superfície freática tende a subir e a aproximar-se da superfície topográfica, aumentando a espessura da zona saturada e diminuindo, por isso, a espessura da zona não saturada. Por vezes, a superfície freática atinge a superfície topográfica, impossibilitando a infiltração da água, podendo originar inundações. Nas épocas mais secas do ano, a superfície freática tende a descer, aumentando a espessura da zona não saturada e reduzindo a espessura da zona saturada, diminuindo, por isso, o volume de água armazenada nos aquíferos livres. 

Quando se constrói um furo (ou um poço) para extração de água nestes aquíferos, a água preenche a obra de captação, subindo até ao nível da superfície freática à superfície topográfica. Assim, para a sua extração, torna-se necessário o uso de bombas de água. 

  • Aquíferos confinados ou cativos: quando os aquíferos estão limitados, inferior e superiormente, por rochas de muito baixa permeabilidade (aquitardos). Ao contrário dos aquíferos livres, a infiltração nestes aquíferos ocorre, apenas, em zonas muito restritas do aquífero, onde a formação rochosa que o constitui contacta com a superfície (zona de recarga), e não em toda a sua extensão. 

A infiltração da água da precipitação na zona de recarga leva ao aumento da pressão no aquífero. Esta pressão permite que, quando se constrói um furo de captação, a água suba acima do próprio aquífero dando origem ao chamado “artesianismo”. Quando a água sobe acima da superfície topográfica ocorre o artesianismo repuxante, assim designado porque a água forma um repuxo através da abertura da cabeça do furo de captação. 

Em resumo:

  • aquíferos são rochas porosas e permeáveis (como os arenitos ou os quartzitos), das quais se pode extrair água de forma economicamente rentável e ambientalmente sustentável. Aquitardos são rochas porosas, mas de muito baixa permeabilidade (como os argilitos);
  • os aquíferos podem classificar-se segundo a natureza das rochas onde a água se acumula e circula – aquíferos em rochas porosas (por exemplo, arenito), em rochas fraturadas (tais como o granito) e em rochas carsificadas (por exemplo, calcário);
  • aquíferos livres são aqueles que têm na sua base rochas de muito baixa permeabilidade, mas que contactam diretamente com a atmosfera na sua superfície superior (superfície freática) através dos poros da zona não saturada; a zona de recarga nestes aquíferos corresponde a toda a área da sua superfície superior;
  • aquíferos confinados ou cativos são aqueles que estão limitados, inferior e superiormente, por rochas de muito baixa permeabilidade, contactando com a superfície topográfica apenas em zonas muito restritas (zona de recarga). A água encontra-se no seu interior a uma pressão superior à pressão atmosférica, por isso, quando se constrói um furo, a água pode fluir acima do próprio aquífero (artesianismo), podendo, mesmo, originar um repuxo (artesianismo repuxante);

Temas

Ficha Técnica

  • Título: Relacionar as características geológicas de uma região com as condições de formação de aquíferos - livres e cativos.
  • Área Pedagógica: Geologia
  • Tipologia: Explicador
  • Autoria: Adão Mendes - Associação Portuguesa de Professores de Biologia e Geologia (APPBG)
  • Ano: 2021
  • Agradecimento:: Jorge Espinha Marques – Geólogo, Professor Auxiliar na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP)
  • Agradecimento:: José Martins Carvalho – Geólogo, Professor Emérito no Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP/IPP) e EuroGeólogo (EurGeol)
  • Imagem:: Fotografia de Michael Beherens, Unsplash.