Relacionar as propriedades da astenosfera com a dinâmica da litosfera
Segundo o modelo físico da estrutura interna da Terra, a astenosfera corresponde a uma fina camada que está compreendida entre a litosfera e a mesosfera. De acordo com o modelo químico, esta camada corresponderá a uma pequena parte do manto superior.
Segundo os registos da propagação das ondas sísmicas, a sua velocidade tende a aumentar em profundidade. É o que acontece ao longo da litosfera, uma camada rígida com cerca de 70 Km de espessura média na sua parte oceânica, podendo alcançar cerca de 250 Km de espessura máxima em algumas partes da litosfera continental, associadas às grandes cadeias montanhosas. No entanto, abaixo do limite da litosfera, entre os 100 e os 200 Km, a velocidade de propagação das ondas sísmicas diminui consideravelmente, constituindo a parte superior da astenosfera, que se designa por zona de baixa velocidade. Esta evidência levanta algumas questões sobre a natureza e a composição do material presente nessa região do manto.
Uma vez que a velocidade de propagação das ondas sísmicas P e S decai de forma acentuada na zona de baixa velocidade, pode concluir-se que esta será uma camada com baixa rigidez, quando comparada com a litosfera. Mas as ondas sísmicas S continuam a propagar-se, motivo pelo qual não se pode afirmar que esta seja uma camada no estado líquido. Admite-se, então, as rochas peridotíticas nesta camada se encontrem próximas do seu ponto de fusão, podendo mesmo existir bolsas de materiais peridotíticos em fusão parcial, em resultado da combinação dos valores de pressão e de temperatura ali presentes. No entanto, estas são situações de exceção e não a regra que define esta camada.
Esta parte superior da astenosfera, com as características anteriormente descritas, é fundamental no que respeita à dinâmica da litosfera, pois é sobre aquela camada deformável, com um comportamento dúctil e atuando como um lubrificante, que ocorrem os movimentos horizontais das placas litosféricas, bem como os movimentos verticais de ajustamento isostático da litosfera. Além disso, esta é uma região potencialmente geradora de magmas.
Na parte inferior da astenosfera, situada abaixo da zona de baixa velocidade, não se regista fusão parcial dos seus materiais constituindo, pelo contrário, uma zona rígida e de maior densidade dos materiais, essencialmente peridotitos. Estas conclusões resultam, entre outros dados, do facto de a velocidade de propagação das ondas sísmicas P e S voltar a aumentar consideravelmente nesta parte inferior da astenosfera.
Em resumo:
- A astenosfera corresponde a uma camada situada entre a litosfera e a mesosfera, de acordo com o modelo físico da estrutura interna da Terra;
- A astenosfera é constituída, na sua parte superior, por material de baixa rigidez, com comportamento dúctil, podendo existir fusão parcial das rochas peridotíticas. Por estes motivos, a velocidade de propagação das ondas sísmicas P e S diminui consideravelmente nesta zona - zona de baixa velocidade;
- A astenosfera é, pelas suas características físicas, uma camada fundamental para a movimentação horizontal e vertical das placas litosféricas.
Temas
Ficha Técnica
- Título: Relacionar as propriedades da astenosfera com a dinâmica da litosfera (movimentos horizontais e verticais) e Tectónica de Placas.
- Área Pedagógica: Geologia
- Tipologia: Explicador
- Autoria: Adão Mendes - Associação Portuguesa de Professores de Biologia e Geologia (APPBG)
- Ano: 2020
- Imagem: Foto de Trace Hudson no Pexels