Geologia
Relacionar fatores de metamorfismo com os tipos, características texturais e mineralógicas de rochas metamórficas.
As rochas metamórficas são classificadas de acordo com a sua estrutura(1) e composição mineralógica. A formação de rochas metamórficas acontece quando as condições físicas se modificam, relativamente àquelas que prevaleciam na génese do protólito ou rocha-mãe. Os processos metamórficos envolvem modificações no conteúdo mineral e/ou microestrutura da rocha - foliação.
Os fatores de metamorfismo são a pressão, temperatura, fluídos e o tempo. Estes fatores atuam com diferente intensidade nas rochas, de acordo com os contextos geológicos, isto é, de acordo com os tipos de metamorfismo:
a) Metamorfismo de contacto – ou metamorfismo térmico, evidenciando de imediato o fator de metamorfismo mais relevante nesse contexto – a temperatura. No entanto, a pressão (confinante ou litostática) e os restantes fatores também estão presentes, embora aqui não tenham um papel tão preponderante como a temperatura. Este tipo de metamorfismo consiste na instalação de uma intrusão magmática em zonas pouco profundas da crusta (motivo pelo qual a pressão não é aqui tão significativa), entrando em contacto com a rocha encaixante mais fria. Na zona do contacto entre a bolsada magmática e a rocha encaixante ocorre a transformação desta, induzida pelo calor libertado pelo magma, originando uma nova rocha, metamórfica, na envolvente da intrusão – auréola de metamorfismo.
Dependendo da rocha encaixante presente no local (protólito), formar-se-á uma determinada rocha metamórfica correspondente na auréola de metamorfismo:
- se a rocha encaixante for o calcário, formar-se-á mármore em resultado dessa transformação pelo calor;
- se a rocha encaixante for um arenito rico em quartzo, formar-se-á o quartzito;
- se a rocha encaixante for um argilito ou um xisto (rocha metamórfica que resultou do metamorfismo regional do argilito), formar-se-á a corneana.
Estas rochas formadas por metamorfismo de contacto caracterizam-se por terem um aspeto maciço, não apresentando foliação.
b) Metamorfismo regional – ao contrário do metamorfismo de contacto, que ocorre em pequenas áreas, o metamorfismo regional (ou orogénico) afeta áreas muito amplas, atingindo também profundidades relativamente elevadas, uma vez que está associado a limites convergentes de placas tectónicas, com construção de cadeias montanhosas. As rochas metamórficas formadas são foliadas, em resultado das tensões dirigidas/não litostáticas que se fazem sentir nestes contextos tectónicos, fazendo da pressão o fator determinante neste tipo de metamorfismo. As partes mais deformadas das cadeias montanhosas são, pois, maioritariamente formadas por rochas metamórficas resultantes de metamorfismo regional. Quando essas cadeias montanhosas são erodidas, posteriormente, expõem as suas zonas mais profundas, em resultado dos movimentos isostáticos (movimentos verticais da litosfera), formando os escudos ou cratões.
Rochas como os diferentes xistos e os gnaisses, com foliação evidente, têm origem em metamorfismo regional.
Em ambos os tipos de metamorfismo, a presença de minerais-índice nas rochas permite avaliar as condições de pressão e/ou de temperatura a que elas se formaram, de acordo com o grau de metamorfismo. Na zona mais próxima da intrusão magmática, no metamorfismo de contacto, são encontrados minerais cuja formação ocorreu a temperaturas mais elevadas, como é o caso da cordierite e da silimanite. À medida que aumenta a distância à intrusão magmática, o grau de metamorfismo vai diminuindo, aparecendo minerais formados a temperaturas mais baixas, como a biotite, por exemplo. O mesmo acontece no caso do metamorfismo regional, em que os diferentes minerais-índice indicam o grau de metamorfismo que se fez sentir nas diferentes regiões afetadas, a maior ou menor profundidade. Por exemplo, podemos ter uma sequência de minerais índice que nos indicam um aumento progressivo do grau de metamorfismo como a clorite, a biotite, granada, estaurolite e silimanite.
(1) – A foliação das rochas metamórficas corresponde a um aspeto estrutural e não textural. A textura de uma rocha metamórfica é caracterizada à escala microscópica, como são os exemplos das texturas granoblástica, nematoblástica e lepidoblástica.
Em resumo:
- os fatores de metamorfismo são: temperatura, pressão, fluídos, e tempo;
- os tipos de metamorfismo são: metamorfismo de contacto e metamorfismo regional;
- de acordo com o tipo de metamorfismo, os diferentes fatores atuam com diferente preponderância;
- de acordo com o tipo de metamorfismo e dos fatores de metamorfismo preponderantes, as rochas metamórficas podem ser maciças, isto é sem foliação, ou foliadas.
Temas
Ficha Técnica
- Título: Relacionar fatores de metamorfismo com os tipos, características texturais e mineralógicas de rochas metamórficas.
- Área Pedagógica: Geologia
- Tipologia: Explicador
- Autoria: Adão Mendes - Associação Portuguesa de Professores de Biologia e Geologia (APPBG)
- Ano: 2020
- Agradecimentos:: Professora Doutora Elsa Gomes (DCT-UC)
- Imagem:: Fotografia de by fra.fb, Pexels.