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Relacionar modelos explicativos da dinâmica do manto e da relação com o movimento das placas

Relacionar modelos explicativos da dinâmica do manto e da relação com o movimento das placas

Uma das questões a que Wegener não conseguiu responder na sua teoria da Deriva Continental, foi aquela relacionada com a origem e natureza das forças responsáveis pelo movimento dos continentes. Esta questão é tão complexa e discutida pelos cientistas, que ainda hoje não há respostas definitivas para ela.

Mas também existem algumas certezas, como o facto de a nova litosfera oceânica ser formada nos riftes, sofrendo afastamento sucessivo para ambos os lados. Também não existem dúvidas quanto à existência das zonas de subducção, ao longo das quais as placas oceânicas mergulham e sofrem destruição em profundidade na Terra. Daqui se conclui que existe um movimento evidente da placa, entre o local de formação e o local da sua destruição. Mas qual a origem das forças que promovem esse movimento? 

Até há algum tempo, a existência de correntes de convecção no manto, responsáveis pela libertação de calor proveniente do interior da Terra, era a única justificação para esses movimentos. Estas correntes de material aquecido com origem no manto, a maior ou menor profundidade, de acordo com diferentes cientistas, apresentam densidade inferior aos restantes materiais ali presentes, ascendendo lentamente até atingirem a litosfera. Uma vez chegadas à litosfera, esses materiais arrefecem, tornando-se por isso mais densos, voltando a afundar no manto. Assim, associa-se a ascensão destas correntes aos limites divergentes/riftes, enquanto o afundamento destas correntes está associado a limites convergentes, nomeadamente às zonas de subducção. As correntes de convecção seriam, dessa forma, responsáveis pelo arrastamento das placas ao longo do sentido anteriormente referido. Os materiais constituintes dessas correntes, formadas no interior terrestre, teriam origem a partir do calor gerado no limite entre o manto e o núcleo. 

Mais recentemente, este modelo foi sendo questionado devido à utilização de novos métodos indiretos do estudo da Terra, como a tomografia sísmica (permite o estudo do interior da Terra a partir do comportamento das ondas sísmicas que a atravessam, permitindo a construção de imagens tridimensionais do seu interior) e a construção de modelos do interior terrestre em computador, a partir da reunião de dados numerosos e variados. Assim, a ideia de grandes correntes de convecção que atravessam todo o manto e litosfera, acabou por rivalizar com a ideia de sistemas mais complexos, que admitem a existência de convecção, mas agora em diferentes níveis no interior da Terra, com diferentes células de convecção. 

Atualmente, a explicação para o movimento de uma placa, desde o rifte até à zona de subducção, é  alvo de diferentes explicações, tais como: 

  1. As forças geradas no rifte,em resultado da sua forma mais elevada ao longo do seu eixo, provocam a deslocação em direção às zonas laterais, mais baixas e mais arrefecidas, devido à ação da gravidade (modelo de “ridge-push”); 
  2. Quando uma placa litosférica oceânica, fria e densa, afunda sob outa placa litosférica,ao longo de um plano inclinado, a parte da placa em afundamento provoca um arrastamento da restante placa atrás de si, o que justifica o movimento de afastamento em relação ao rifte (“slabpull”); 
  3. A existência de plumasmantélicas(colunas estacionárias de material quente proveniente do manto) que, quando se aproximam da superfície, acabam por se espalhar em área, originando formas esféricas “em cogumelo”, que provocam o empolamento da litosfera e a sua ruptura. Este processo está na origem dos hot spot. O facto de várias ilhas vulcânicas formadas por hot spot aparecerem próximas das zonas de rifte, parece apoiar a existência deste mecanismo. 
A Teoria da Deriva Continental de Wegener
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Em resumo:

  • as forças responsáveis pela fragmentação e mobilidade da litosfera estão relacionadas com a ascensão de materiais quentes desde zonas profundas da Terra. Até há alguns anos, admitia-se a existência de correntes de convecção que atravessavam todo o manto e provocavam a dinâmica litosférica;
  • atualmente admitem-se diferentes processos que justificam os movimentos ao longo dos riftes e das zonas de subducção.

Temas

Ficha Técnica

  • Título: Relacionar a existência de diferentes modelos explicativos da dinâmica do manto e da respetiva relação com o movimento das placas, articulando com saberes da Física.
  • Área Pedagógica: Geologia
  • Tipologia: Explicador
  • Autoria: Adão Mendes - Associação Portuguesa de Professores de Biologia e Geologia (APPBG)
  • Ano: 2020
  • Imagem: Foto de Kevin Christian no Pexels