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O ciclo litológico

O ciclo litológico

A Terra é um planeta bastante dinâmico. Essa dinâmica resulta da interação constante entre processos que ocorrem na sua superfície e no seu interior. Ao conjunto dos processos que ocorrem no âmbito da geodinâmica externa e interna, que se sucedem desde a formação de um determinado tipo de rocha, até ao momento em que esta origina uma nova rocha, por alteração das condições que lhe deram origem, designa-se por ciclo litológico ou ciclo das rochas (do grego lithos = rocha).  

Existem três grupos essenciais de rochas: a) sedimentares; b) metamórficas; c) magmáticas. Assim, qualquer rocha pertencente a um destes grupos pode, ao fim de alguns milhões de anos, transformar-se noutro tipo de rocha, pertencente ao mesmo ou a outro dos grupos referidos. 

Considere-se o domínio sedimentar como ponto de partida para o estudo do ciclo das rochas. O conjunto dos processos que conduzem à formação de rochas sedimentares resultam da atuação de diferentes agentes que atuam à superfície da Terra, essencialmente, comandados por uma fonte de energia principal – a energia solar. Estas ações ocorrem no âmbito da geodinâmica externa.  

Aqueles agentes, nomeadamente a água, as variações térmicas, os próprios seres vivos, entre outros, atuam sobre as rochas expostas à superfície ao longo do tempo, de forma lenta, provocando a sua meteorização (=alteração), por processos físicos e químicos. Os sedimentos resultantes da meteorização são posteriormente removidos do local de origem (erosão), sofrendo transporte ao longo do tempo, até se acumularem nas bacias sedimentares (sedimentação). Este conjunto de processos que originam os sedimentos é designado por Sedimentogénese. 

Após a deposição nas bacias, os sedimentos ficam sujeitos a um conjunto de processos que irão ocorrer em profundidade, transformando sedimentos soltos, em rochas sedimentares consolidadas – Diagénese. O primeiro desses processos é a compactação dos sedimentos, como resultado da sobreposição de outros sedimentos, fazendo diminuir a espessura da camada e, consequentemente, a redução dos poros existentes entre os grãos, uma vez que estes ficam mais próximos uns dos outros. A água que se encontra presente nos poros e é expulsa (desidratação), circulando pela porosidade remanescente, a partir da qual vão precipitar alguns dos sais em solução, o que provoca a cimentação dos sedimentos, conferindo coesão à rocha assim formada. 

As camadas rochosas formadas continuarão o seu percurso em profundidade na litosfera ficando, por isso, sujeitas a valores crescentes de Pressão e Temperatura (P/T). As novas condições P/T instabilizam os minerais presentes na rocha, podendo originar transformações ao nível dos minerais, da composição química e da textura das rochas atingindo-se, assim, o domínio do metamorfismo. Estas transformações que se verificam na rocha-mãe (=protólito), originando uma nova rocha, metamórfica, ocorrem no estado sólido, no âmbito da geodinâmica interna. 

No limite das condições de P/T, a rocha metamórfica de alto grau pode sofrer fusão, marcando a transição para o domínio do magmatismo. Os magmas assim formados, menos densos do que a rocha sólida envolvente, tendem a ascender para zonas mais superficiais, verificando-se o seu arrefecimento, mais rápido (rochas magmáticas vulcânicas ou extrusivas) ou mais lento (rochas magmáticas plutónicas ou intrusivas), dependendo da profundidade onde ocorre, e consequente cristalização. Mais cedo ou mais tarde, essas rochas acabarão por ser expostas à superfície, ficando sujeitas aos processos de alteração. 

Os limites entre os diferentes domínios (sedimentar, metamórfico e magmático) não são fáceis de ser estabelecidos e, além disso, as rochas não têm que seguir o trajeto exposto anteriormente de forma completa. Por exemplo, uma rocha sedimentar poderá ser exposta à superfície, em resultado de processos de deformação na litosfera, nunca chegando a formar uma rocha metamórfica. 

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Em resumo:

  • O ciclo litológico ou ciclo das rochas é o melhor exemplo que caracteriza a Terra como planeta dinâmico, colocando em interação processos da geodinâmica interna e da geodinâmica externa;
  • Uma dada rocha, pertencente a um determinado domínio, poderá originar outras rochas de acordo com as condições P/T a que seja exposta.

Temas

Ficha Técnica

  • Título: Explicar o ciclo litológico com base nos processos de génese e características dos vários tipos de rochas
  • Área Pedagógica: Geologia
  • Tipologia: Explicador
  • Autoria: Adão Mendes - Associação Portuguesa de Professores de Biologia e Geologia (APPBG)
  • Ano: 2020
  • Imagem: Foto de Владислав Филиппов no Pexels