As abstrações poéticas de Vieira da Silva

Envolve a sua pintura numa poesia de cores e formas, cria composições abstratas únicas. Maria Helena Vieira da Silva viveu entre duas nacionalidades, mas será sempre a mais internacional artista plástica portuguesa.

Antes de ser a mais famosa artista da sua geração, Helena é a menina de sentidos apurados que aos cinco anos “enche cadernos com desenhos”, e aos onze pinta a óleo. A família incentiva os dotes artísticos. Na adolescência tem lições de pintura, desenho e escultura. Porém, aos 20 anos, a sua “Lisboa Azul” já não lhe chega, quer aprender mais. Parte então para Paris, a grande capital das artes onde as novas correntes fervilham.

Tem aulas com professores ilustres, desenvolve amizade com artistas importantes, identifica-se com o abstracionismo, com o surrealismo e conhece o amor da sua vida, o pintor Arpad Szenes. Vivem uma cumplicidade total, trabalham juntos, muitas vezes expõem em conjunto. É também em Paris, em 1933, que faz a primeira exposição individual. Dos franceses recebe elogios, os portugueses ainda não a conhecem.

As relações com Portugal ficam mais difíceis depois do casamento. Para Salazar, Arpad Szenes é um inimigo do regime, um húngaro comunista. A pintora perde encomendas, perde a paciência e deixa de ser cidadã do seu  país.

O casal refugia-se no Brasil durante a Segunda Grande Guerra para depois regressar a Paris onde é bem recebido. Mais tarde, Vieira da Silva aceita a nacionalidade francesa.

Por esta altura, o reconhecimento da sua obra é internacional. A artista plástica desenvolve composições abstratas inspiradas nas grandes cidades que redimensiona em traços suaves e poéticos. Trabalha ainda em ilustrações, decorações teatrais e dedica-se também à tapeçaria.

Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992) demora 20 anos a fazer as pazes com Portugal. Como tantos outros portugueses, alguns exilados, a reconciliação só chega no 25 de abril, dia primeiro da liberdade.

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Ficha Técnica

  • Título: Grandes Quadros Portugueses
  • Tipologia: Extrato de Programa
  • Produção: Companhia das Ideias
  • Ano: 2012