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Ambiente Biogeográfico: Zona quente

Ambiente Biogeográfico: Zona quente

A distribuição mundial dos ambientes biogeográficos segue o padrão climático, de acordo com a variação latitudinal das grandes zonas do clima desde o Equador até aos polos. Assim, e à semelhança da distribuição dos climas, a nível mundial, os biomas representam a conjugação de determinados fatores, essencialmente, climáticos e edáficos específicos de uma região a que estão associados diferentes tipos de formações vegetais e uma fauna diversificada.

Para além da fauna e flora, os ambientes bioclimáticos influenciam, igualmente, as zonas agrícolas e a repartição da população em áreas mais ou menos povoadas.

À superfície do nosso planeta podemos encontrar zonas bioclimáticas muito diferentes, que se sucedem desde o Polo Norte ao Equador e deste ao Polo Sul. Cada grande bioma tem características distintas que se repartem para norte e sul, cobrindo áreas de diferente extensão e sem limites bem definidos, passando-se gradualmente de umas para as outras (Fig.1).

Fig. 1 – Distribuição das grandes zonas bioclimáticas. APROFGEO

Se viajássemos num avião que voasse a baixa altitude sobre o nosso planeta, desde o equador até ao Polo Norte, observaríamos as diferenças que existem entre as diversas zonas biogeográficas.

Partindo do Equador, veríamos, em primeiro lugar, a zona das florestas equatoriais, como a do Maiombe, em Cabinda-Angola, Amazónia, na América do Sul e a da ilha de São Tomé, em São Tomé e Príncipe, onde, por ação das temperaturas elevadas e das precipitações abundantes, a vegetação luxuriante forma grandes matas, proporcionando elevada humidade durante todo o ano (Fig.2).

Fig. 2 – Floresta equatorial em São Tomé. APROFGEO

Há uma enorme variedade de árvores que alcançam diferentes alturas e a sua folhagem espessa quase não deixa passar a luz. Numerosas lianas unem as copas das árvores, sendo difícil caminhar através desta floresta pela disposição de vários andares de vegetação. Como não existem estações do ano, as árvores perdem as suas folhas em momentos diferenciados ao longo do tempo, pelo que a mata cerrada encontra-se sempre verde.

O solo esponjoso é uma argila cor de sangue, chamada argila laterítica, cuja espessura pode variar de 10 a 50m e cuja fertilidade apresenta-se, grosso modo, fraca. Nesta floresta cerrada, onde grandes rios como o Zaire ou o Amazonas escoam de forma permanente, não vivem grandes mamíferos, nem aves de rapina, mas sim, macacos, répteis, aves de plumagem, e, sobretudo, insetos.

Quando nos afastamos um pouco mais do Equador para norte em direção ao Trópico de Câncer, surge a zona das matas tropicais e das savanas. Nestas regiões, a alternância de uma estação chuvosa com uma estação seca, o cacimbo, é menos favorável à árvore do que a constante humidade equatorial, mas a floresta não desaparece bruscamente. Todo o aumento local de pluviosidade ou de humidade do solo, fá-la reaparecer, como é o caso, por exemplo, das florestas-galeria.

A savana (Fig. 3A, 3B), formada por vastas extensões de ervas anuais, é acompanhada por algumas árvores isoladas como o embondeiro ou, por vezes, por pequenas matas, quando a humidade é suficiente. As ervas crescem durante a estação chuvosa e secam durante o cacimbo. Nos bosques tropicais, as árvores estão espaçadas (floresta aberta) e perdem as suas folhas durante a estação seca.

Nas savanas e florestas tropicais, os répteis são numerosos e vivem animais de grande porte como o elefante, a girafa, a zebra, o leão, o rinoceronte, o hipopótamo, etc. Muitas vezes, os solos são pouco férteis, formando uma verdadeira crosta, à superfície, que se denomina laterite. Os rios percorrem estas couraças lateríticas, decompondo-as em planaltos de aspeto avermelhado.

Mais perto dos trópicos, sempre que a estação seca se prolonga por mais de seis meses, a savana dá lugar à estepe (Fig.4), com o aparecimento de arbustos espinhosos e de árvores como a acácia, ou ainda por tufos descontínuos de pequenas ervas. Os animais que nela abundam são semelhantes aos da savana.

Fig.4 – Estepe. LUCYNA KOCH/ITSOCK

À estepe sucede o deserto, onde quase nunca chove. Apesar de a precipitação ser praticamente nula, por vezes aparece vegetação em lugares designados oásis, em virtude de nesses sítios existirem águas subterrâneas que, dando lugar a nascentes, permitem o crescimento de algumas plantas como as tamareiras.

Os contrastes da temperatura entre o dia e a noite favorecem o estalar das rochas e a secura não permite a sua decomposição química. Os solos desérticos são, portanto, muito delgados e pobres, podendo ser arenosos ou rochosos (Fig.5A, 5B).

Os animais que vivem no deserto estão adaptados ao clima quente e seco. Por exemplo, o camelo pode manter-se mais de uma semana sem beber água. Também aqui habitam muitos roedores e répteis que se escondem de dia devido ao calor ardente e saem à noite para caçar, aproveitando o arrefecimento. Alguns dos animais que vivem no deserto são o mabeco, a avestruz e a cabra-de-leque.

Atravessando a franja desértica dos 30° de latitude, neste caso para norte, teremos de novo uma zona de estepe e, pela variação climática, surge um novo ambiente biogeográfico adaptado à zona temperada.

Ambiente Biogeográfio – Zona fria
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Ambiente Biogeográfio – Zona fria

Ambiente Biogeográfico: Zona temperada
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Ambiente Biogeográfico: Zona temperada

SÍNTESE

  • Os diferentes climas distinguem-se pela relação que existe, ao longo do ano, entre as temperaturas e as precipitações de acordo com a disposição zonal dos respetivos lugares onde se registam.
  • Na zona intertropical, a chamada zona quente, registam-se valores de temperatura elevados, mas os valores de precipitação decrescem consideravelmente do equador em direção aos trópicos.
  • Em estreita relação com as características climáticas, os solos, mais ou menos espessos, apresentam-se com maior ou menor fertilidade, condicionando sobremaneira as formas de vida que nele encontram o seu habitat.
  • A vegetação característica de um lugar depende da disponibilidade hídrica, pelo que no equador a vegetação densa e de porte alto – floresta equatorial – vai dando lugar, por perda de humidade, a estratos arbóreos e arbustivos menos exuberantes à medida que subimos em latitude e passamos pela savana e estepe até chegar aos desertos nos trópicos, onde a vegetação não se desenvolve por ausência do seu ótimo climático.
  • As características biogeográficas influenciam, por sua vez, a variedade da fauna e a forma como os animais se adaptam às condições do seu meio natural, sendo igualmente importantes no desenvolvimento das culturas agrícolas e consequente distribuição da população no território.

Temas

Ficha Técnica

  • Área Pedagógica: Meio Natural - Ambientes biogeográficos
  • Tipologia: Explicador
  • Autoria: Associação de Professores de Geografia
  • Ano: 2021
  • Imagem: Floresta tropical na Tailândia, blackend464 / Pixabay