Teatro grego e romano: onde estão as diferenças?
O teatro começou por servir os deuses com cânticos, declamações, dança e mímica. Depois veio a tragédia grega e a arte dramática afastou-se da religião. No tempo dos romanos, representar transformou-se num espetáculo complexo e grandioso, digno de um grande império.
Na Grécia antiga a primeira forma teatral foi um cântico coral, o ditirambo, recitado em honra de Dionísio. Representar para os deuses era um ritual das festividades religiosas, conduzido pelas sábias palavras dos poetas gregos que, mais do que puro entretenimento, queriam despertar o público para uma reflexão moral e consciência cívica.
A arte dramática evoluiu e complexificou-se, com mais atores em palco a interpretarem textos densos de dramaturgos como Eurípedes, Ésquilo e Sófocles. Sem perder a dimensão didática, as grandes tragédias contavam histórias quase sempre mitológicas e chegavam a ser encenadas em trilogias. Na mesma altura desenvolveu-se também o género da comédia, sobretudo sátiras a temas da atualidade política. Os espetáculos eram tão populares que em Atenas, no século V a.C., começaram a organizar-se festivais de teatro, com prémios para os concorrentes.
Quando foi introduzido em Roma, o teatro passou a ser um novo símbolo do império, quer na arquitetura em escala monumental, quer na própria conceção de espetáculo, com mecanismos engenhosos para mudar o cenário ao longo da peça.
Construído em plano horizontal e não numa encosta a céu aberto como faziam os gregos, o edifício tinha um auditório em semicírculo em torno da orquestra, e a outra metade do círculo era ocupada pelo palco, que podia receber também exibições de gladiadores. A parede de fundo era muito decorada, tinha três portas para entrada e saída dos atores, por detrás estavam os camarins, armazéns e pórticos. O espaço central que correspondia à orquestra grega estava reservada aos senadores e magistrados. Para os espetadores comuns os lugares ficavam nas bancadas, ligadas por patamares e escadarias.
A tragédia e a comédia gregas foram traduzidas para serem representadas nos palcos romanos e inspiraram grandes dramaturgos de Roma. Mas, na verdade, o público em geral preferia uma diversão mais ligeira, como as lutas de gladiadores e as pantominas satíricas. Por isso, o ator que era tão considerado na Grécia perdeu importância durante o Império Romano. Vamos ouvir Lídia Fernandes, a arqueóloga que coordena o Museu de Lisboa – Teatro Romano sobre este tema.
Ficha Técnica
- Título: Visita Guiada - Teatro Romano de Lisboa
- Tipologia: Extrato de Programa Cultural
- Autoria: Paula Moura Pinheiro
- Produção: RTP
- Ano: 2015