Columbano Bordalo Pinheiro, mestre do retrato

É ele o autor de poderosos "retratos psicológicos" tirados a importantes personagens de um país em mudança. Na viragem do século XIX, Portugal está nos quadros de Columbano Bordalo Pinheiro (1857-1929), pintor intimista e "observador de almas".

Pintou paisagens, temas históricos, naturezas mortas mas foi como retratista que o seu génio se distinguiu e fez único. São dele os retratos mais expressivos e densos das grandes figuras do início do século XX português. Artistas, escritores, intelectuais, presidentes da República, a todos Columbano Bordalo Pinheiro “desvendou os segredos da alma” com a sua paleta sóbria, intimista e misteriosa.

Nascido em família de artistas, a pintura foi uma descoberta precoce e inevitável na sua vida. Do pai, Manuel Maria Bordalo Pinheiro, pintor e escultor de talentos reconhecidos, recebeu o dom e os primeiros ensinamentos.

Com apenas 14 anos, Columbano matricula-se na Academia Real de Belas-Artes em Lisboa para fazer um curso de sete anos que termina em menos de quatro. De personalidade vigorosa e rebelde não é o típico aluno exemplar mas aprimora e explora técnicas que farão dele um artista inconfundível. Completa a formação artística em Paris, como bolseiro, seguindo os mestres sem perder o traço original do seu poder criativo.

Muitos dos seus trabalhos iniciais auspiciam um caminho glorioso. Em 1881 revela-se já excelente retratista com o quadro que faz de Ramalho Ortigão. As grandes personalidades de um país que transitava da monarquia para a República posaram para o pintor: Antero de Quental, Eça de Queirós, Oliveira Martins, Guerra Junqueiro, Teixeira de Pascoaes e tantos outros ficaram de alma exposta num misterioso jogo de luz e sombra que Columbano usava com destreza e que por isso chegou a ser considerado o Rembrandt português!

Quando regressa de Paris, junta-se ao Grupo de Leão, uma tertúlia de artistas promissores que se reunia na cervejaria Leão e da qual faziam parte, entre outros, José Malhoa, Silva Porto e o seu irmão, Rafael Bordalo Pinheiro. Columbano grava na tela a imagem do grupo e produz em 1885 um dos seus mais célebres quadros exposto no museu do Chiado, em Lisboa. De um pintor que trabalhava todos os dias, que vivia para a pintura, é de esperar uma extensa lista de obras: muitas foram vistas em exposições no estrangeiro, outras valeram-lhe honrosas distinções como a medalha de ouro que recebeu em 1900 no Salão da Exposição Universal de Paris.

Com a  implantação da República, a 5 de Outubro de 1910 , Columbano foi um dos escolhidos pelo governo provisório a integrar a comissão encarregada de escolher o modelo da bandeira nacional. Terá sido ele o maior responsável pela escolha das cores e do desenho da nova bandeira  içada a 1 de dezembro de 1910.

Columbano dedicou-se também ao ensino, sendo professor da Escola de Belas-Artes em Lisboa durante 24 anos. Foi ainda o primeiro diretor do museu de Arte Contemporânea, cargo que manteve até à data da morte, a 6 de novembro de 1929.

 

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Ficha Técnica

  • Título: Grandes Quadros Portugueses
  • Tipologia: Extrato de Programa
  • Produção: Companhia de Ideias
  • Ano: 2012