E Deus criou a mulher… ou talvez não

Abordar o peso da religião e o impacto das decisões dos homens quanto ao papel das mulheres na sua própria vida e na sociedade é o que se pretende evidenciar através dos exemplos de viva voz dados a conhecer nesta reportagem. Uma católica e uma muçulmana revelam como foram educadas, como vivem em Portugal e o que acham das suas atuações e conquistas. Uma delas mudou de religião. A outra deixou de cumprir vários preceitos em nome da cultura do seu país de acolhimento.

O que parece certo ou errado aos olhos dos outros, o bem e o mal, o que se deve ou não fazer à luz do entendimento dos homens e das suas igrejas. São conceitos que continuam a nortear a vida de milhões de mulheres em todo o mundo. Sobre elas paira a consciência do pecado. Algo que vai além dos mandamentos religiosos, o pecado vive dentro de cada um pelo que sucessivas gerações passaram numa consanguinidade de corpo e alma.

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Estas duas mulheres, paradigmas de vidas femininas do século XXI, num país considerado civilizado, livre e tolerante à liberdade religiosa, conversam entre si sobre temas que não puderam conversar nunca com as suas famílias: a roupa, o sexo, o trabalho fora de casa, a revolta pela diferença face aos direitos dos homens. Ainda assim, são exemplos de quem sabe o que é viver encurralada entre a palavra de Deus e a palavra dos homens.

O teólogo Frei Bento Domingues é claro ao afirmar que “o pecado é uma construção masculina.” Historiadores convergem na ideia de que a sexualização da mulher ao longo da história criou sempre grandes problemas aos homens que, considerando-se intelectualmente superiores, decidiam o papel feminino na sociedade. Ora, nada como suportar essas decisões na ideia superior dos mandamentos de um Deus para que se tornem inquestionáveis.

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