Montanhas do mundo
A Geografia é uma ciência que procura explicar os elementos humanos da paisagem, tendo por base o meio natural, palco da ação humana. Neste sentido, é fundamental conhecer a morfologia da superfície terrestre, nomeadamente os principais conjuntos montanhosos e os processos explicativos da sua génese e evolução, para compreender a sua influência ao nível do clima, humidade e coberto vegetal, bem como da forma como as atividades humanas estão implantadas no território.
O relevo corresponde às diferentes formas do modelado da superfície terrestre (montanha, planalto, vale, planície, etc.) em resultado de um conjunto de processos de formação relacionados com a dinâmica interna (movimentos tectónicos, vulcanismo, sismologia, etc.) e de erosão e transformação relacionados com a dinâmica externa (temperatura, precipitação, etc.).
A nível mundial, é possível verificar a existência de vastas planícies que não ultrapassam os 1000m de altitude, sobretudo junto aos grandes rios, mas também áreas de altitude igual ou superior aos 2000m que marcam severamente a paisagem aí existente.
A maior altitude mundial – 8848m – atinge-se no continente asiático, na grande cordilheira dos Himalaias, mais precisamente no Monte Evereste, localizado entre o Nepal e o Tibete (China). Este pico faz parte de um conjunto vasto de montanhas com altitudes a rondar os 8000m e cuja disposição atravessa cinco países – Índia, Nepal, China, Butão e Paquistão.
A sua orogénese está relacionada com a deslocação da placa indo-australiana em direção a norte e consequente convergência com a placa euroasiática, resultando o enrugamento da crosta continental e posterior elevação da superfície terrestre (Fig. 1).
A cordilheira é responsável pela existência de duas paisagens totalmente distintas: a sul, um setor mais húmido e verdejante, influenciado pelas monções de verão sul-oeste que trazem consigo fortes tempestades; a norte, um setor mais seco e sem vegetação pelo efeito barreira à passagem das massas de ar, tornando o ar que se desloca para norte já bem mais seco (Fig.2).
Dos cumes nasce uma densa rede de cursos de água organizados nas duas principais bacias hidrográficas da região: a bacia do rio Indo e a bacia do Ganges-Bramaputra, onde, pela enorme fertilidade dos solos, se registam valores de densidade populacional entre os mais elevados do mundo.
No continente americano, destaca-se a cordilheira mais extensa do mundo – os Andes – com cerca de 8000Km e uma altitude máxima de 6962m, no monte Aconcágua.
Esta cordilheira, atravessando toda a costa ocidental da América do Sul (Chile, Argentina, Peru, Bolívia, Equador e Colômbia), vulgarmente designada por América Andina, pertence ao chamado Anel de Fogo do Pacífico pela elevada sismicidade e atividade vulcânica associadas à subducção da placa oceânica de Nazca em contacto com a placa continental sul-americana (Fig.3).
Transpondo a cordilheira para leste, as massas de ar desprovidas de humidade tornam o clima mais seco e a paisagem mais árida – deserto de Atacama.
Na América do Norte, destacam-se as Montanhas Rochosas (Fig.4) com o ponto mais alto a 4401m no Monte Elbert. As montanhas do Alasca, por vezes, são integradas nesta cordilheira, passando a maior altitude a registar-se no Monte Mackinley (6194m).
Com uma extensão superior a 4800Km, o relevo montanhoso atravessa o Canadá e os Estados Unidos da América, sendo possível encontrar ao longo do seu conjunto importantes jazidas de recursos minerais energéticos como o petróleo, carvão e gás natural e de minerais metálicos como ouro, prata, cobre, chumbo e zinco.
Constituindo a linha de interflúvio de diversas bacias hidrográficas que escorrem em direção aos oceanos Atlântico, Pacífico e Glacial Ártico, a sua morfologia está diretamente relacionada com a erosão provocada pela glaciação, dando origem a desfiladeiros e vales profundos como os que se apresentam no Parque Nacional de Yellowstone (Fig.5), o mais antigo do mundo.
No continente africano, a cordilheira mais extensa é a do Atlas (Fig.6), mas o ponto mais alto situa-se no Quilimanjaro (5895m). Esta elevação está relacionada com a colisão continental no sul da Península Ibérica entre a placa africana e a placa euroasiática, já o monte Quilimanjaro, na fronteira entre a Tanzânia e o Quénia, é constituído por três cones de vulcões já extintos em plena planície de savana.
Na Oceânia, embora a maior cordilheira seja a Grande Divisória (Austrália) com altitude máxima no Monte Kosciuszko (2228 m), o ponto mais alto – Puncak Jaya com 4884m – localiza-se na Papua, uma província da Indonésia localizada na ilha da Nova Guiné (Fig.7).
A maior ameaça ambiental prende-se com as alterações climáticas e, por efeito, o degelo dos glaciares com perdas significativas de água doce que o planeta mantém aprovisionada no estado sólido.
Paralelamente, é notório o aumento da frequência de avalanches e o risco de perda de vidas humanas, sobretudo, quando as atividades turísticas são responsáveis pela afluência de um número cada vez maior de visitantes a estas áreas. Neste contexto, é crucial refletir também no impacto ambiental que o lixo deixado por estes turistas provoca, na medida em que, em média, os visitantes permanecem dois meses nas encostas das grandes montanhas (Fig.8).
SÍNTESE
- As formas de relevo, tal como as conhecemos, são o resultado da ação de agentes da dinâmica interna, mas a sua evolução ao longo dos tempos está associada a fatores externos responsáveis pela erosão e transformação dos relevos, alterando a sua morfologia.
- No conjunto das grandes montanhas mundiais, destacam-se as cordilheiras dos Himalaias (Ásia), Andes (América do Sul), Montanhas Rochosas (América do Norte), Cáucaso (Europa), Alpes (Europa), Atlas (África) e Grande Cordilheira Divisória (Oceânia) embora haja a ressalva de que nem sempre a altitude máxima registada no continente corresponda a um lugar da cordilheira.
- A elevada altitude que se atinge nas grandes cordilheiras montanhosas é um fator natural climático importante, pois a temperatura muito baixa e a precipitação orográfica em forma de neve são responsáveis pela erosão e modelação da paisagem típica de montanha (relevo glaciário).
- Paralelamente, a orientação e disposição do relevo são fatores que interferem na organização de toda uma rede de escoamento, bem como nas diferenças de coberto vegetal entre vertentes. É comum, a seguir a um grande relevo concordante, existir um grande deserto pelo efeito barreira à passagem das massas de ar húmidas.
Temas
Ficha Técnica
- Área Pedagógica: Meio Natural - Relevo
- Tipologia: Explicador
- Autoria: Associação de Professores de Geografia
- Ano: 2021
- Imagem: Fotocomposição, AffianXD / Pixabay