Jornalismo, uma arte e um ofício insubstituíveis
Elementos e princípios do jornalismo
O jornalismo é uma profissão à parte no mundo da comunicação. É uma arte e um ofício com regras e obrigações próprias, que o distinguem da propaganda, da publicidade e do chamado entretenimento. Também se diz que o jornalismo é “a ficção da realidade”, mas essa metáfora pretende apenas realçar a qualidade literária e a aperfeiçoada técnica narrativa a que todos os profissionais deste ofício devem aspirar. Ao contrário dos romancistas, os jornalistas não inventam as histórias que contam.
Para o jornalista, valores como Procura da verdade, Isenção, Independência, Transparência ou Interesse público representam sobretudo uma disciplina. Não são meras palavras ou conceitos mais ou menos abstratos: são exercícios permanentes, o dia-a-dia do jornalista, consagrado e balizado por um Código Deontológico.
É obrigação do jornalista confirmar ou verificar todos os factos que relata, descrevê-los com o máximo rigor possível e sem preconceitos. Não é fácil, muitas vezes o tempo é curto, há sempre uma palavra ou uma imagem que – descobrimos depois – descreveria melhor o que aconteceu. Os princípios, no entanto, não mudam e o objetivo do jornalismo – informar – também não. É um serviço público, um espaço de debate, um cimento social.
Nos jornais online ou impressos em papel, na radio ou na televisão, a definição de notícia é a mesma de sempre: relato claro e preciso de um acontecimento. Claro “porque” apoiado numa linguagem simples, entendida por todos – “pelo ministro e pelo motorista”, como se costumava dizer nas antigas redações. E “preciso” porque rigoroso, tão objetivo quanto possível e evitando os adjetivos.
O trabalho do repórter, no fundo, também não mudou. O trabalho e a atitude. Hoje como ontem, a curiosidade é o seu principal motor de busca.
Para descrever o que acontece, temos de fazer as perguntas clássicas: o Quê? Quando? Quem? Onde? Como? Porquê?… São questões clássicas porque correspondem às perguntas que qualquer pessoa faz no dia a dia, espontaneamente, quando é confrontado com qualquer novidade surpreendente. Se não responder àquelas perguntas, a “notícia” será, no mínimo incompleta e, portanto, pouco rigorosa.(Num relato posterior, o repórter pode ainda tentar apurar o significado do que aconteceu, ouvindo sociólogos e outros especialistas, mas em qualquer caso, deve separar com nitidez o que é informação e o que é opinião. E se um acontecimento é suscetível de interpretações antagónicas, deve ouvir todos os pontos de vista.
Por lealdade com o leitor, o ouvinte ou o espectador, o repórter tem igualmente de revelar como soube o que relatou. Viu o acontecimento? Alguém lhe contou? Estava escrito num relatório a que conseguiu ter acesso? A transparência é um dever. Excecionalmente, por motivos de segurança pessoal, por exemplo, uma fonte de informação pode não ser identificada, mas isso será sempre a exceção e, mesmo assim, será necessário indicar por que razão a fonte não é identificada.
São estas regras e estes cuidados que asseguram a credibilidade do jornalismo e a sua insubstituível função social.
Temas
Ficha Técnica
- Título: Jornalismo, uma arte e um ofício insubstituíveis - Elementos e princípios do jornalismo
- Área Pedagógica: Ensino para os Media
- Tipologia: Explicador
- Autoria: António Caeiro - Associação Literacia Para os Media e Jornalismo (ALPMJ)
- Produção: RTP
- Ano: 2021
- Imagem: Foto de Ali Khalil no Pexels