A frase complexa: orações coordenadas e subordinadas
Sabes qual é a diferença entre uma frase simples e uma frase complexa? E sabes quais são os processos que permitem articular frases simples e formar frases complexas? E qual a diferença entre orações coordenadas e subordinadas? Vamos descobrir juntos as respostas as estas perguntas!
Frase simples e frase complexa
Frase simples é uma frase que contém apenas um único verbo principal, logo, um sujeito e um predicado. Por exemplo:
(1) A secretária redigiu o relatório.
(2) A secretária do diretor do departamento comercial redigiu o relatório anual da empresa, ontem ao fim da tarde.
Conforme estes dois exemplos nos mostram, as frases simples podem ser relativamente breves, como no exemplo 1, ou então, mais ou menos extensas como no exemplo 2. Porém, cada uma delas é constituída apenas por um único verbo: redigiu.
Frase complexa, por sua vez, é uma frase que contém mais do que um verbo principal, logo, duas ou mais frases simples articuladas entre si. A cada uma destas frases que compõem a frase complexa denominamos orações.
Oração é, portanto, cada uma das frases simples contidas numa frase complexa. Por exemplo:
(3) A secretária redigiu o relatório e apresentou-o ao diretor.
Esta frase decompõe-se em duas frases simples (ou orações) articuladas entre si:
1.ª oração – A secretária redigiu o relatório
2.ª oração – e apresentou-o ao diretor.
As frases complexas são formadas através de dois processos: coordenação e subordinação.
A coordenação e a subordinação
A coordenação e a subordinação são dois processos que permitem articular frases simples e formar frases complexas. Caracterizam-se por propriedades formais distintas. Eis duas das mais importantes:
(a) Dependência sintática
Na coordenação, não existe dependência sintática entre as orações coordenadas, isto é, nenhuma das frases simples exerce qualquer função sintática relativamente à outra, uma vez que são funcionalmente equivalentes entre si.
Na subordinação, pelo contrário, existe uma dependência sintática entre as orações; ou seja, uma das orações desempenha sempre na oração subordinante uma função sintática.
(b) Mobilidade das orações
Na coordenação, as orações coordenadas não podem ser deslocadas, ao passo que na subordinação há uma maior mobilidade das orações subordinadas:
• O João comprou o jornal e leu-o num instante.
• * E leu-o num instante o João comprou o jornal.
• A Maria foi à praia, embora estivesse mau tempo.
• Embora estivesse mau tempo, a Maria foi à praia.
Classificação das orações coordenadas
As orações coordenadas são classificadas de acordo com as conjunções coordenativas que as introduzem e o valor semântico que se atribui à relação de coordenação. Podem ser: copulativas, adversativas, disjuntivas, explicativas e conclusivas.
Orações coordenadas copulativas – São orações unidas por uma ideia de adição, por intermédio de uma conjunção ou locução coordenativa copulativa (e, nem, não só…mas também, etc.):
As crianças foram ao cinema e comeram pipocas.
Orações coordenadas adversativas – São orações unidas por uma ideia de oposição, por intermédio de uma conjunção ou locução coordenativa adversativa (mas, porém, todavia, etc.):
As crianças foram ao cinema, mas não comeram pipocas.
Orações coordenadas disjuntivas – São duas orações postas em alternativa, por intermédio de uma conjunção ou locução coordenativa disjuntiva (ou, quer…quer, seja…seja, etc.):
Querem encomendar comida, ou jantar fora?
Orações coordenadas conclusivas – São duas orações unidas por uma conjunção ou locução coordenativa conclusiva (logo, portanto, etc.), em que a segunda oração se apresenta como uma conclusão da primeira:
O Zé passou no exame de matemática, logo, transitou de ano.
Classificação das orações subordinadas
Como se referiu anteriormente, as orações subordinadas exercem uma função sintática relativamente às orações subordinantes. Tal função sintática pode ser a de sujeito, complemento direto, complemento indireto ou complemento preposicional.
Tendo em conta a natureza dessa função, podemos classificar as orações subordinadas em três tipos:
1. Orações subordinadas adverbiais
2. Orações subordinadas substantivas
3. Orações subordinadas adjetivas
1. As orações subordinadas adverbiais desempenham a função típica dos advérbios (função de modificador verbal) e exprimem diferentes ideias — de tempo, de causa, de finalidade, de condição, de concessão, de consequência e de comparação. Subdividem-se em:
1.1. Orações subordinadas adverbiais temporais – São orações que exprimem uma ideia de tempo, por intermédio de uma conjunção ou locução subordinativa temporal (quando, antes de, depois de, sempre que, etc.):
Quando cheguei à sala, a reunião já tinha começado.
1.2. Orações subordinadas adverbiais causais – São orações que exprimem a causa da situação descrita na oração subordinante, por intermédio de uma conjunção causal (porque):
Faltei à reunião, porque saí muito tarde do trabalho.
1.2.1. Orações subordinadas adverbiais causais explicativas – São orações que exprimem a justificação ou explicação do motivo da enunciação expressa na primeira oração, por intermédio de uma conjunção explicativa (pois, porque, que):
Deve ter chovido, pois as ruas estão molhadas.
Despacha-te, que estamos atrasados!
1.3. Orações subordinadas adverbiais finais – São orações que exprimem uma finalidade, por intermédio de uma conjunção ou locução subordinativa final (para, para que, a fim de, etc.):
Saí mais cedo do trabalho, para poder assistir à reunião.
1.4. Orações subordinadas adverbiais condicionais – São orações que exprimem uma condição, por intermédio de uma conjunção ou locução subordinativa condicional (se, a menos que, no caso de, etc.):
Se tivesse saído mais cedo, teria ido à reunião.
1.5. Orações subordinadas adverbiais concessivas – São orações que exprimem uma concessão, uma oposição, por intermédio de uma conjunção ou locução subordinativa concessiva (embora, apesar de, ainda que, etc.):
Embora tivesse chegado atrasado, pude assistir à reunião.
1.6. Orações subordinadas adverbiais consecutivas – São orações que exprimem uma consequência, por intermédio de uma locução subordinativa consecutiva (tanto…que, tão…que, de tal modo…que):
Saí tão tarde do trabalho, que já não consegui ir à reunião.
1.7. Orações subordinadas adverbiais comparativas – São orações que exprimem uma comparação, por intermédio de uma locução subordinativa comparativa (mais…do que, menos…do que, melhor…do que, pior…do que, tão…como, etc.):
Esta reunião correu melhor do que a anterior (correu).
2. As orações subordinadas substantivas desempenham as funções típicas dos nomes (função de sujeito, complemento direto, indireto, etc.). Tradicionalmente designadas integrantes, subdividem-se em:
2.1. Orações subordinadas completivas verbais – São orações introduzidas pelas conjunções subordinativas que, se e para e completam o sentido de um verbo:
O João julga que vai receber o prémio.
O João não sabe se pode sair mais cedo.
O João pediu para sair mais cedo.
2.2. Orações subordinadas completivas nominais – São orações introduzidas pelas conjunções que e se e completam o sentido de um nome:
O João tem a certeza de que vai receber o prémio.
2.3. Orações subordinadas completivas adjetivais – São orações introduzidas pela conjunção que e completam o sentido de um adjetivo:
O João está convencido de que vai receber o prémio.
3. As orações subordinadas adjetivas desempenham as funções típicas dos adjetivos. As orações adjetivas podem ser relativas ou gerundivas.
Designam-se relativas por se construírem com subordinadores relativos (pronomes ou advérbios), os quais implicam uma relação de correferência com um antecedente de que dependem. Assim, por exemplo, na frase:
As revistas que estão no cesto são para deitar fora.
As orações relativas subdividem-se em:
3.1. Orações subordinadas relativas restritivas – São orações introduzidas pelo pronome relativo que e têm por função delimitar o universo de seres representado pelo nome que antecede o relativo. Nunca podem ser separadas por vírgulas:
Os alunos que tiverem boa nota receberão uma bolsa de mérito.
3.2. Orações subordinadas relativas explicativas – São orações introduzidas pelo pronome relativo que e têm por função fornecer um esclarecimento adicional acerca do nome que antecede o relativo. São sempre separadas por vírgulas:
O João, que é o melhor aluno da turma, recebeu uma bolsa de mérito.