Da obsessão pela perfeição a um transístor de papel
Para Elvira Fortunato, investigadora na área da microeletrónica e directora do Centro de Investigação de Materiais, há um objecto especial: a esfera. Redonda, perfeita, sem defeitos, como gosta e a lembrar o átomo e o mundo. Dois vastos universos unidos.
Professora no departamento de Ciências dos Materiais da Universidade Nova de Lisboa, Elvira Fortunato diz que dar aulas é a outra parte da investigação. Tem prazer em fazê-lo e, mais do que transmitir conhecimento, vê aí a oportunidade de galvanizar outros para essa missão de investigar, de fazer a ciência avançar, de “evangelizar”, como diz.
Lembra-se de ter ficado fascinada com a oportunidade de ver as células de uma cebola, numa aula de biologia. A paixão pela investigação, nasceu do primeiro contacto com um laboratório de investigação, no quarto ano do curso.
Compara o seu trabalho de laboratório com fazer um bolo na cozinha. Para ambas as tarefas são precisos ingredientes, mas se na cozinha sai um bolo feito com farinha, açúcar e ovos, no laboratório pode sair um transístor ou um biossensor, dependendo dos materiais usados.
Para esta cientista, mais importante do que inventar, é inovar. Trabalha com tecnologias convencionais e materiais convencionais. O papel, inventado há milhares de anos, é um desses materiais. Elvira Fortunato fez com ele um transístor.
A missão, diz, passa por desenvolver produtos que possam entrar em linha de produção e que não tragam apenas uma vantagem económica, mas também vantagens ambientais e de sustentabilidade.