Vergílio Ferreira: a procura do sentido da vida
Escrevia para pensar a condição humana e para desvendar o mistério da vida. Vergílio Ferreira não contava apenas histórias, fazia "romance de ideias", como ele próprio dizia. Começou por ser um autor neorrealista, mas acabou influenciado pelo existencialismo.
Há uma história de solidão profunda a começar a vida de Vergílio Ferreira (1916-1996), que o levam num inquieto monólogo interior a interrogar-se sobre o sentido das coisas, a estabelecer uma relação metafísica com Deus e com o universo.
Ele é o menino de quatro anos que vê os pais emigraram, o rapazinho que cresce sozinho no ambiente austero do seminário do Fundão para onde vai estudar, antes de fazer a faculdade em Coimbra. Experiências dolorosas que irá tratar nos romances, nos quais muitas vezes fará dele próprio personagem principal. Quem mais poderá ser António, alcunhado o Borralho, de “Manhã Submersa”, criança de infância atormentada, senão o autor? A obra, publicada em 1954, depois de ser adaptada para o cinema pelo realizador Lauro António, conquista mais leitores, como conta nesta peça, não sem espanto, Vergílio Ferreira, que durante muito tempo se sentiu escritor “mal amado”.
Sempre a pensar a condição humana, constrói os primeiros romances na estética vigente do neorrealismo, mas nos anos 40, influenciado pelos existencialistas franceses como Jean-Paul Sartre e André Malraux, assume uma escrita com uma vertente mais filosófica. Com mais de 40 títulos publicados, é depois da sua morte, que alguns inéditos são dados a conhecer, como “A Curva de uma Vida”, novela escrita aos 22 anos e, “Promessa”.
Neste artigo, a escritora Teolinda Gersão fala da vida e da obra de um dos fundadores do romance português contemporâneo, Prémio Camões em 1992.
Temas
Ficha Técnica
- Título: Ler+ ler melhor - Vida e obra de Vergílio Ferreira
- Tipologia: Extrato de Programa
- Produção: Filbox produções
- Ano: 2011