A morte de Fernão de Magalhães

Fernão de Magalhães teve uma morte violenta, que ocorreu num confronto militar na pequena ilha de Mactán, junto a Cebu, uma das ilhas Filipinas onde a expedição espanhola que comandava tinha ancorado semanas antes.

O confronto, a 27 de abril de 1521, opôs 50 espanhóis comandados por Magalhães a cerca de 1500 guerreiros da ilha. O cronista António Pigafetta fez o relato presencial do que se passou: as condições da praia impediram os espanhóis de utilizar a artilharia e obrigaram-nos a desembarcar, onde foram atacados de imediato.

Os inimigos perceberam que os espanhóis tinham a cabeça e o tronco protegidos, mas não os membros, e lançaram uma chuva de flechas envenenadas, uma das quais feriu Magalhães, que acabou por sucumbir em combate. A sua morte desviou a atenção dos guerreiros inimigos, o que permitiu que os sobreviventes conseguissem reembarcar. “Assim morreu o nosso guia, a nossa luz e o nosso apoio”, nas palavras do cronista.

 

  • Qual foi o motivo desse confronto?

A armada de Magalhães tinha alcançado o arquipélago das Filipinas, após a longa e penosa travessia do Pacífico, e assentou arraiais na ilha de Cebu, onde os espanhóis procuraram um acordo e um entendimento com o rei local. Seguindo a tradição espanhola seguida na América, esse acordo previa o batismo do rei e a vassalagem a Carlos V. Para o rei de Cebu, esta aliança era importante, porque a amizade dos espanhóis reforçava o seu poder e prestígio junto das elites locais.

Foi neste contexto que Magalhães se deixou enredar nas intrigas e nos conflitos locais. Ao ser informado de que um dos chefes da ilha vizinha de Mactán, chamado Lapu Lapu, se tinha recusado a pagar tributo ao rei de Espanha, Magalhães decidiu resolver pessoalmente a questão, com um pequeno grupo de soldados.

Magalhães era um líder prudente e sensato, pelo que ainda hoje é difícil compreender o que o terá levado a tomar aquela decisão temerária e tão pouco sensata de se deixar atrair para o que parece ter sido uma manobra astuciosa e uma armadilha montada pelos chefes de Mactán.

 

  • A morte de Magalhães perturbou o rumo da viagem?

Não, a armada prosseguiu o seu objetivo de encontrar as ilhas produtoras de especiarias, o que fez pouco depois, ao seguir para Brunei e posteriormente para as Molucas e Timor. Entretanto, a liderança foi entregue a dois homens, o português Duarte Barbosa e o espanhol Juan Serrano, mas seria Sebastián Del Cano quem acabaria por comandar a armada espanhola, agora reduzida a um único navio, até ao Cabo da Boa Esperança, e daí até Espanha, onde chegou em setembro de 1522.

O corpo de Magalhães nunca foi objeto de exéquias ou de um simples enterro, porque os guerreiros que o mataram recusaram-se a entregá-lo aos espanhóis. Quanto a Lapu Lapu, o chefe rebelde da ilha de Mactán, é celebrado nas Filipinas como o primeiro herói nacional e um símbolo da resistência à colonização espanhola, figurando em estátuas e insígnias oficiais e tendo inspirado várias adaptações cinematográficas.

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Diogo Freitas do Amaral, fundador do CDS
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Ficha Técnica

  • Título: Os Dias da História - Morte de Fernão de Magalhães, nas Filipinas
  • Tipologia: Programa
  • Autoria: Paulo Sousa Pinto
  • Produção: Antena 2
  • Ano: 2017
  • Imagem: Fernão de Magalhães