Acidente nuclear em Chernobyl
Na noite de 25 para 26 de abril de 1986, o reator número 4 da central nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, foi submetido a um teste de resistência. Foi simulada uma perda de abastecimento da energia externa que alimentava o sistema para verificar se os sistemas de segurança funcionavam de forma correta e aconteceu o desastre...
O teste não correu como previsto, verificando-se uma série de anomalias que acabaram por causar uma explosão e um incêndio no reator, que libertou uma nuvem radioativa que se espalhou na atmosfera.
Ainda hoje subsistem dúvidas sobre as causas do acidente. Sabe-se o que aconteceu mas não porque aconteceu. Os relatórios e estudos sobre o acidente repartem as responsabilidades entre a conceção defeituosa do reator, as condições deficientes em que o teste foi realizado e a falta de preparação técnica da equipa técnica da central.
Chernobyl foi o acidente mais grave ocorrido numa central nuclear e um dos dois acidentes que atingiu o nível máximo de gravidade na escala oficial da agência atómica internacional, sendo o outro o que ocorreu em Fukushima, em 2011.
- O que aconteceu depois?
O incêndio foi de imediato combatido por brigadas de bombeiros, mas a fuga radioativa era impossível de conter. Vários bombeiros morreram, devido aos altos níveis de radiação. Foi declarado o estado de emergência na região e ordenada a evacuação da cidade mais próxima. No entanto, a descoordenação das autoridades e a demora em reconhecer a gravidade do problema acabaram por piorar substancialmente o panorama.
O regime soviético tentou minimizar a gravidade do acidente e demorou muito tempo prestar as informações devidas. Só no dia 28 é que reconheceu que havia um problema em Chernobyl, depois de uma central nuclear sueca, a mais de 1000 km, ter detetado níveis de radioatividade muito elevados.
O reator afetado acabou por ser encerrado num sarcófago de cimento, alguns meses mais tarde, como forma de conter a radiação. A construção da cobertura definitiva, em metal, sofreu vários atrasos e acabou por ficar terminada apenas em 2016.
- Que efeitos teve a prazo?
O acidente de Chernobyl libertou uma quantidade de radiação correspondente a 400 bombas atómicas de Hiroshima e contaminou uma enorme área de território da Ucrânia, Bielorrúsia e Rússia, afetando igualmente a Suécia, Noruega e Finlândia.
Foi decretada uma zona de exclusão de 10 km em torno da central, posteriormente alargada para 30 km. Os efeitos a longo prazo são ainda controversos e sujeitos a interpretações muito diversas. Isto prende-se com a dificuldade em separar os efeitos reais do acidente dos impactos causados pelo pânico e pela má gestão do problema por parte das autoridades. Calcula-se que cerca de 350 mil pessoas terão sido deslocadas e que a saúde de muitos milhares foi afetada, direta ou indiretamente, pelos efeitos do acidente.
No entanto, o colapso da União Soviética e a degradação das condições de vida e dos índices de saúde, que se verificaram nos anos seguintes, agravaram substancialmente o cenário e não permitem uma imagem clara sobre o real impacto de Chernobyl, quer no ambiente, quer na saúde humana.
Já do ponto de vista económico, o balanço é mais fácil de efetuar: custos astronómicos na descontaminação, equipamento técnico e pagamento de ajudas sociais e um enorme peso nos orçamentos da Ucrânia e da Bielorrúsia, que continua a subsistir nos nossos dias.