As guerras de ocupação
O ciclo africano do Império arranca no último quartel do século XIX, quando as grandes potencias colonizadoras europeias já disputavam a partilha do continente. As campanhas de ocupação retratam vários momentos, até à Primeira Guerra Mundial, durante os quais Portugal efetivou em África o seu domínio sobre territórios e os seus povos.
Perdido o Brasil, proibido o tráfico de escravos e com a Inglaterra, a Alemanha e a França já em África a disputarem zonas de influência, Portugal sente a emergência patriótica e, nas últimas décadas do século XIX, junta-se à exploração do continente e à sua ocupação efetiva. Era preciso ir além da presença nos litorais, dominar povos nativos e desbravar novas rotas comerciais, como fizeram Roberto Ivens e Hermenegildo Capelo, entre outros grandes exploradores.
Com estas expedições elaborou-se a carta geográfica da África centro-austral, traduzida no famoso mapa cor de rosa, que refletia a aspiração dos portugueses a uma rota comercial que ligasse Angola a Moçambique. Tal entrou em confronto com os objetivos dos ingleses que pretendiam um corredor ferroviário a unir África de norte a sul, diferendo que culminou com o Ultimato Britânico a Portugal, fazendo cair por terra o sonho luso.
A Conferência de Berlim (1884-1885) é um acontecimento decisivo no qual as nações colonizadoras europeias estabelecem as zonas de influência para cada uma das potências e são definidas as regras sobre a ocupação dos territórios. Portugal inicia então a sua primeira guerra colonial. Designadas por Campanhas de Pacificação, as incursões militares visariam sobretudo Angola, Moçambique e, mais tarde, a Guiné-Bissau.
Destes combates recorda-se, por exemplo, a captura de Gungunhana, numa ação liderada por Mouzinho de Albuquerque. O rei vátua moçambicano seria mostrado em Lisboa como um verdadeiro troféu de caça, servindo de exemplo do poder dos portugueses sobre os povos indígenas. As campanhas militares, que iriam durar para além da Primeira Guerra da Mundial, foram particularmente sangrentas tanto para os nativos como para os militares enviados para África.
Os povos angolanos foram os que mais tempo resistiram às investidas das forças armadas e na Guiné-Bissau, Portugal teve de confrontar-se com interesses da França na área, mas também com um complexo mosaico étnico que dificultaria a integração no Império – designação que só viria a ser adotada oficialmente durante o Estado Novo, período em que se desencadeia a guerra pelas independências dos territórios ocupados.
Ficha Técnica
- Título: História a História África - As Guerras de Ocupação, episódio 1
- Tipologia: Documentário
- Autoria: Fernando Rosas
- Produção: RTP / Garden Films
- Ano: 2017