Cidades (Im)permeáveis: cheias e inundações

Nas áreas urbanas, o escoamento superficial das águas deixa muitas vezes um rasto de estragos. Foi o que se verificou em dezembro de 2022, em Lisboa, e no Porto, em janeiro de 2023, na sequência de chuvas fortes em curtos espaços de tempo. Ambas zonas de grande concentração humana, onde os solos estão superimpermeabilizados. Em Portugal, segundo os censos de 2021, cerca de 20% da população reside em pouco mais de 1% do território. O êxodo rural continua a ser uma realidade e as duas grandes áreas metropolitanas, ambas no litoral, as mais atrativas.

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Riscos Naturais: Cheias, Tempestades e Deslizamentos

O caso da capital portuguesa é paradigmático no que diz respeito à saturação do solo. Uma zona com muitas pequenas bacias hidrográficas e de forte inclinação. Tal leva à circulação de água a grande velocidade, o que por sua vez não permite um tempo muito rápido de resposta em caso de catástrofe. Por outro lado, um território excessivamente impermeabilizado e com forte intervenção nas próprias linhas de água naturais. Resultado, quando chove muito, a água corre veloz à superfície, sem capacidade de infiltração. Um dos grandes desafios do ordenamento urbano é fazer face a este problema.

As soluções para a retenção e infiltração de água em zona urbanas existem e cada vez urge mais a sua aplicação, tendo em conta que cada vez são mais recorrentes os fenómenos intensos de chuva que decorrem das alterações do clima. Dar espaço à natureza e aumentar a resiliência nas cidades são as bases para as respostas que podem passar, por exemplo, pela aposta em bacias naturais de retenção, criação de zonas verdes, renaturalização de linhas de água e mesmo aplicação de asfaltos mais permeáveis, bem como um ordenamento territorial que contemple construções mais sustentáveis.

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