Deus Cérebro
Como funcionam os cérebros tecnológicos?
A fusão entre cérebro humano e tecnologia está em andamento. Neurociência e cibernética unem-se para criar um novo tipo de super-humanos. Que impacto poderá ter no próprio cérebro, criado e aperfeiçoado ao longo de milhões de anos, esta nova espécie de indivíduos melhorados?
Passámos de nómadas caçadores-recolectores a sedentários dependentes de dispositivos tecnológicos. O seu humano ganhou, sobretudo, mais poder, embora seja evidente que a sabedoria mantém o seu estatuto maior, caso contrário a tecnologia pode tornar-se uma arma de elevada perigosidade.
Ela serve, acima de tudo, o lado prático da vida, mas está demonstrado que não torna as pessoas mais felizes. O cérebro humano do século XXI tornou-se profundamente dependente dos aparelhos que povoam o nosso dia a dia e que provocam alterações mesmo a nível emocional. Basta notar a ansiedade criada pela necessidade de resposta rápida quando fazemos uma partilha em redes sociais.
Afinal, que consequências trazem os novos hábitos ao cérebro? Certamente alteram a capacidade de foco. A atenção sobre uma tarefa está destreinada em mentes que se habituaram a estar em permanente alternância de funções. No fundo, passámos a ser mais distraídos. Por consequência, menos produtivos e com maior probabilidade de errarmos.
Como o cérebro é um órgão adaptativo, que responde a necessidades, é equacionável se vamos, por exemplo, deixar de escrever à mão, uma vez que cada vez precisamos menos de o fazer. Tal como ao longo dos tempos fomos perdendo outras capacidades por já não necessitarmos delas.
Há vários sistemas de ensino onde o uso de dispositivos tecnológicos é proibido ou limitado até determinada idade. E não é por acaso. Cada vez externalizamos mais a memória. Ora, é precisamente no mesmo espaço cerebral que coabitam a memória e a imaginação. Se não forem estimuladas, uma das maiores consequências será a perda de capacidade criativa.