“Ensaio sobre a Cegueira”: o romance de José Saramago em exposição
Como uma infeção, uma praga ou um vírus, a cegueira branca espalha-se rapidamente, de forma inexplicável e sem cura, por uma cidade inteira. Fica-se cego na parábola de José Saramago e o mundo abre-se num abismo, a mostrar fragilidades e vulnerabilidades humanas, sociais e políticas. O cenário é apocalíptico. Só a uma personagem é permitido testemunhar o caos e manter a lucidez que abrirá caminho à salvação de todos e de cada um. A mulher do médico é a esperança nesta distopia do Prémio Nobel da Literatura, obra que guiou e inspirou cineastas e encenadores. Em 2015, também despertou os sentidos de um artista plástico. E assim nasceu uma exposição.
Os romances são construções de palavras, por vezes difíceis de transformar em imagens. Mas este texto quase visionário de José Saramago, metáfora para uma cegueira que nem de escuridão é, tem fascinado, desafiado e inspirado outros criadores a entrar nas profundezas de um enredo que nos questiona e inquieta.
Assim se fizeram adaptações ao teatro e ao cinema guiadas pelas palavras do Nobel da Literatura, que na apresentação pública do livro, em 1995, confessava: “Este é um livro francamente terrível com o qual eu quero que o leitor sofra tanto como eu sofri ao escrevê-lo. São 300 páginas de constante aflição. Através da escrita, tentei dizer que não somos bons e que é preciso que tenhamos coragem para reconhecer isso.”
Quando este Ensaio sobre a Cegueira fez 20 anos, foi a vez de João Francisco Vilhena, atrever-se a transformar a doença branca numa exposição. Assim surgiu um espaço de reflexão sobre as várias cegueiras que alastram como epidemias e desumanizam o mundo. De olhos abertos ou de olhos fechados, seremos todos um pouco cegos?
Temas
Ficha Técnica
- Título: Literatura Aqui - Exposição Mal Branco (a partir do romance Ensaio Sobre A Cegueira)
- Tipologia: Extrato de Programa Cultural - Reportagem
- Produção: até ao Fim do Mundo
- Ano: 2015