Lucky Luke: o cowboy solitário da Banda Desenhada

E o mais famoso de sempre, acrescentamos já. Seja pela longa vida de irresistíveis aventuras ou pelo ar de galã de cinema, Lucky Luke anda há mais de setenta anos a conquistar admiradores em todo o mundo. Ele, os inseparáveis amigos e os perigosos inimigos. Diretamente do velho oeste americano para esta reportagem eis o cowboy que dispara mais rápido do que a própria sombra. Bang! Bang!

De cigarro ao canto da boca, Lucky Luke disparava tiros certeiros. Aqueles tempos nas cidades empoeiradas do Oeste americano não eram para brincadeiras e este cowboy enfrentava perigosos bandidos em aventuras exclusivas, inspiradas nos westerns de Hollywood.  

Havia sempre contas a ajustar com os fora-da-lei, fossem eles personagens fictícias, míticas ou reais. Porque também as houve, figuras históricas a desfilarem nas histórias deste rapaz solitário. Adversários famosíssimos como Jesse James, Billy the Kid, Calamity Jane e os terríveis e temíveis irmãos Dalton. Estes verdadeiros malfeitores foram rapidamente retirados de cena. Ficaram mortos… até serem mais ou menos ressuscitados.

Bob, Grat, Bill e Emmet espalharam o terror no velho Oeste e nas pranchas de Morris

Mas vamos ao princípio, quando o famoso desenho de Morris, aliás Maurice de Bévère, não passava de um boneco de traços ingénuos, com ar infantil. Depois da estreia em “Arizona” no almanaque “Spirou”, em 1946, o criador belga apurou o grafismo e encontrou a silhueta alongada, perfeita para o seu cowboy. Mas foi na década seguinte que o perfil do herói ficou completo com o argumentista francês René Goscinny. Perdeu o tom agressivo, ganhou sentido de humor. E os Dalton regressaram, quatro primos iguaizinhos aos originais, vilões, imbecis, indispensáveis ao sucesso dos álbuns que se seguiram e conquistaram leitores em todo o mundo.

Quadradinho a quadradinho, o cowboy seguiu o caminho da fama, com o inseparável Jolly Jumper e o divertido Rantanplam, o cão mais estúpido do Oeste. Cruzou aventuras com a história de um país em mudança, acompanhou a chegada do comboio, o aparecimento do telégrafo, a corrida ao ouro e o início da exploração do petróleo. Lucky Luke evoluiu, moderou-se, cedeu ao politicamente correto. Trocou o cigarro por uma inofensiva palhinha, deixou de premir tantas vezes o gatilho, envelheceu sem uma ruga. Depois da dupla Morris/Goscinny ter terminado, a lenda prosseguiu nas mãos de Achdé/Gerra. Com mais de 70 anos continua a ser o cowboy que dispara mais rápido do que a própria sombra. 

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Ficha Técnica

  • Título: Literatura Aqui
  • Tipologia: Extrato de Magazine Cultural - Reportagem
  • Produção: até ao Fim do Mundo
  • Ano: 2016