O que diz o biógrafo de José Cardoso Pires?

Durante três anos mergulhou na vida e na obra do escritor perfeccionista, do prosador avesso a sentimentalismos e provincianismos, do ficcionista em diálogo permanente com o seu tempo. Bruno Vieira Amaral, também ele escritor, aproximou-se de José Cardoso Pires e recuperou-o numa biografia acertada com a cronologia, a começar na aldeia de São João do Peso, onde nasceu. Chamou-lhe "Integrado Marginal", síntese feliz da ambiguidade que caracteriza um dos nomes maiores da literatura portuguesa. Para o biógrafo, o grande anatomista do país de Salazar.

Para escrever os livros como queria, José Cardoso Pires voltava costas ao homem boémio que também gostava de ser e isolava-se do mundo. O estilo visual em que se projetava, foi-o apurando nessa obsessão contínua de refazer. Numa fase inicial incorporou algumas influências americanas, de Hemingway, sobretudo. Nada que impedisse a voz original de aparecer, distinta, desde o início, de outros prosadores, pela sua capacidade de observação “aliada ao discurso direto”, refere o seu biógrafo.

O que Bruno Vieira Amaral também salienta nesta peça é que em toda a obra do autor que “procurava uma pátria espiritual” lê-se uma história do século XX português.

“O Delfim”, de José Cardoso Pires
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“O Sentido”, de António Ramos Rosa
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Ficha Técnica

  • Título: Nada Será Como Dante
  • Tipologia: Extrato de Programa Cultural
  • Produção: até ao Fim do Mundo
  • Ano: 2021