Padre António Vieira e a utopia do Quinto Império do Mundo
Servidor de Deus e do Reino, Padre António Vieira desejou o mundo inteiro para Cristo e para Portugal. No futuro que antevia, seria criado um novo Império de paz e justiça universais, missão ecuménica da pátria lusa em unir todos povos e nações na mesma fé. De todas as ideias e teses reformistas que defendeu, esta será porventura a mais complexa e controversa. Profecia, delírio visionário e até heresia aos olhos da Inquisição, o Quinto Império deu frutos na literatura - com Fernando Pessoa, por exemplo - e permanece um pensamento desafiante na sua interpretação.
Fixar a vocação de Portugal numa obra profética era para Padre António Vieira um desígnio superior. Acreditava que o pequeno reino que tinha dado novos mundos ao mundo na sua ação expansionista, estava predestinado a uma missão espiritual universal. Uma vontade de Deus que ele, padre jesuíta de talentos múltiplos, vislumbrara nas leituras dos textos bíblicos e nas interpretações que fez de antigas profecias escritas cerca de cem anos antes do seu tempo, por um certo sapateiro-poeta de Trancoso, alcunhado de Bandarra.
Mas nesta vontade de encontrar um novo papel para Portugal, que à época atravessava um período de declínio pós-restauração da independência, Padre António Vieira pretendia devolver esperança e confiança às elites e a um povo inteiro.
Na “História do Futuro” os portugueses seriam o povo eleito para construir o Quinto Império de Cristo na terra. No entanto, as teorias patrióticas de Vieira seguiam a mesma linha de pensamento defendida por outros autores do seu tempo, como aqui salienta José Pedro Paiva, professor do Instituto de História e Teoria das Ideias da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
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Ficha Técnica
- Título: Câmara Clara - Padre António Vieira
- Tipologia: Extrato de Programa Cultural
- Autoria: Paula Moura Pinheiro
- Produção: RTP
- Ano: 2008