Cromeleque dos Almendres e Menir do Barrocal
Pedras que são Menires que são Monumentos
Não são umas pedras quaisquer. São pedras, sim, mas imponentes, uma espécie de colunas erguidas da terra na vertical, por vezes em estado natural, por vezes trabalhadas, grosseiramente buriladas. Algumas apresentam desenhos, gravuras, detalhes, a fazerem lembrar a arte paleolítica. Solitárias ou em grupo, estas pedras que se parecem a esculturas ou a estátuas, acompanharam o homem na grande aventura da sedentarização. Santuários, lugares de celebração e de observação, tributos à fertilidade e à fecundidade, não se sabe ainda ao certo o significado da arte megalítica. Que histórias nos contam estes gigantes da pré-história? Temos construções exemplares em todos o planeta, porém algumas das mais antigas estão em território nacional, nas planícies alentejanas. É para lá que vamos.
Há cerca de sete mil anos, a grande revolução do Neolítico chegava à Península Ibérica. De predador que seguia as migrações sazonais das suas presas e recolhia o que encontrava, o homo sapiens passou a produtor, a cultivar as terras e a criar animais para pastoreio e consumo. Esta radical transformação no modo de vida destes grupos nómadas obrigou-os a fixaram-se num sítio, a fundarem as primeiras povoações humanas com toda a organização social que isso implicava. Ao mesmo tempo que aprendiam a dominar a natureza, os novos agricultores preocuparam-se em extrair e deslocar grandes blocos de pedra destinados a outro tipo de construção, de dimensão monumental.
O megalitismo passa a ser uma marca do homem do Neolítico, uma manifestação artística e cultural destes novos tempos. Antas, dólmenes, menires isolados, alinhados ou em círculos estão espalhados um pouco por todo o mundo. O cromeleque dos Almendres constituído por 95 pedras de granito, de formas e tamanhos diversos, é um dos mais raros exemplares desta história antiga. Mas estes testemunhos silenciosos do V milénio a.C. são de difícil interpretação. Para que serviam e que significado tinham? É o que nos vai explicar agora Manuel Calado, um dos maiores arqueólogos de sítios e monumentos megalíticos em território nacional.
Embora exigissem pouca habilidade artística, as estátuas-menires são criações expressivas, destinadas a representar a comunidade, destinadas a durar no tempo. A maior parte era extraída da natureza e erguida no seu estado natural, isto é, sem qualquer intervenção. Mas outras, as maiores, eram trabalhadas, polidas. Qual seria a razão? Encontramos a resposta no menir solitário do Barrocal, o maior do Alentejo central, outra obra de arte e de comunicação do começo da humanidade.
Ficha Técnica
- Título: Visita Guiada - Recinto Megalítico dos Almendres, Évora
- Tipologia: Extrato de Programa Cultural
- Autoria: Paula Moura Pinheiro
- Produção: RTP
- Ano: 2021