Psicologia na Escola
Quando Estou Zangado/a
Já todos nos sentimos muito zangados/as, com vontade de gritar e até de bater em alguém. Já todos perdemos a calma e nos “passámos da cabeça”.
Há muitas coisas que nos podem fazer sentir zangados/as∗. Por exemplo, quando alguma coisa não nos corre bem ou quando a nossa equipa perde o jogo, quando alguém goza connosco ou quando nos culpam de alguma coisa que não fizemos. Nem todos e todas nos zangamos pelas mesmas coisas. E também é possível sentirmo-nos zangados/as sem sabermos bem porquê.
Às vezes, sentirmo-nos zangados/as até pode ser uma coisa boa. Por exemplo, se nos sentimos zangados/as porque alguém nos tratou de forma injusta, a zanga até pode ajudar-nos a defendermo-nos. No entanto, na maior parte das vezes, sentirmo-nos zangados/as não é bom nem nos faz bem. É importante aprendermos o que devemos fazer com esses sentimentos.
O que acontece quando nos sentimos zangados/as?
Depende. Podemos sentir-nos zangados/as e acontecerem várias coisas diferentes. O nosso corpo pode dar-nos vários sinais: respirar mais depressa, ficar com a cara vermelha, os músculos ficarem tensos, apertar as mãos com força. Podemos ainda ter vontade de partir coisas, bater em alguém ou gritar. Por outro lado, também podemos manter a zanga dentro de nós próprios/as e sentir dores de cabeça ou dores de barriga, ter vontade de chorar. Não é uma boa ideia esconder a nossa zanga. O ideal é encontrarmos uma forma de a libertar, sem nos magoarmos a nós ou a outras pessoas.
O que podemos fazer quando nos sentimos zangados/as?
Não devemos descarregar nas outras pessoas quando nos sentimos zangados/as, afinal de contas, não vamos resolver nada. Pelo contrário, a raiva pode ter resultados destrutivos e podemos até destruir uma amizade por termos magoado alguém de quem gostamos. É importante não perder o controlo. Algumas estratégias podem ajudar:
- Reconhecer que estamos zangados/as. Primeiro devemos começar por admitir para nós próprios que estamos zangados/as e tentarmos perceber porquê. Tomarmos consciência do que nos deixa zangados/as e de como reagimos a essas situações pode evitar-nos muitos dissabores. Por exemplo, quando estamos zangados reagimos “a quente” e fazemos uma cena, acabando por dizer coisas das quais nos arrependemos? Não dizemos nada no momento, mas planeamos uma vingança? Acabamos por descarregar noutra pessoa porque temos medo de falar com a pessoa que realmente nos deixou zangados/as? Não dizemos nada a ninguém e tentamos engolir os nossos sentimentos de raiva?
- Compreender o que podemos fazer. Podemos obter melhores resultados se lidarmos com os nossos sentimentos de zanga de forma diferente? O que é que nós (sim, nós, não outras pessoas) podemos fazer para evitar ficarmos zangados/as novamente? Por exemplo, se o nosso irmão ou a nossa irmã mais novo/a ganha um brinquedo novo e nós não, não está OK partir o brinquedo do nosso irmão ou da nossa irmã. Talvez possamos pedir-lhe que o partilhe connosco. Ou se o nosso TPC de ciências é demasiado difícil, não é boa ideia rasgar o caderno. Em vez disso podemos pedir ajuda à nossa Mãe ou ao nosso Pai, ou ao Professor ou Professora.
- Falar com alguém. O simples facto de falarmos com alguém quando estamos zangados/as (com os nossos Pais e as nossas Mães, um familiar, um/a amigo/a, um Professor ou Professora ou o/a Psicólogo/a da escola, por exemplo) e expressarmos a nossa zanga já ajuda a diminuir os nossos sentimentos menos bons.
- Expressar a nossa zanga de forma positiva. Devemos separar as pessoas dos problemas e procurar uma solução útil, em vez de nos querermos apenas vingar. Expressar os nossos sentimentos serve para esclarecer a situação e não para culpar as outras pessoas. Por exemplo, “Eu sinto-me zangando/a quando (descrever o que aconteceu) porque (dizer o que nos zangou) e gostava que (dizer o que pensamos ser a melhor solução para o problema)”.
- Fazer exercício. Correr, saltar, andar de bicicleta ou fazer algum desporto pode ajudar-nos a libertar da zanga e da raiva.
- Contar até 10, desenhar a nossa zanga ou escrever sobre ela, cantar a nossa música preferida ou pensar em coisas boas também pode ajudar.
É impossível nunca ficarmos zangados/as! O importante é lembrarmo-nos que o que fazemos quando estamos zangados/as é que pode tornar a situação melhor ou pior. Não devemos deixar que a zanga nos leve a melhor e tome conta de nós! Nós conseguimos dominar os nossos sentimentos de raiva e zanga!
Há ainda as situações em que temos de saber perder a “batalha”. Por exemplo, se nos sentimos muito zangados/as quando a nossa Mãe nos manda desligar a consola e ir para a cama. É algo que não vamos conseguir mudar! Teremos realmente de ir para a cama e desligar a consola, mesmo se estivermos quase quase a passar de nível! Ficarmos zangados/as e perdermos a calma só nos vai trazer mais problemas – termos de ir para cama sem passar de nível e ainda ficarmos de castigo, sem poder jogar no dia seguinte!
E quando nos sentimos mesmo MUITO zangados/as?
É importante distinguir entre sentirmo-nos zangados/as de vez em quando ou sentirmos constantemente zangados/as. Sentirmo-nos zangados/as de vez em quando é normal e saudável. Mas sentirmo-nos sempre zangados/as não é bom e pode levar à solidão ou à depressão.
Quando nos sentimos tão zangados/as que gritamos com a nossa Mãe ou o nosso Pai, damos murros na parede, batemos com portas, partimos coisas ou batemos em alguém, também não é saudável. Sermos violentos/as quando estamos zangados nunca está OK! É importante expressarmos a nossa raiva, mas não desta forma.
Quando não conseguimos controlar a nossa raiva e acabamos por fazer coisas que não queríamos fazer, devemos pedir ajuda. Um/a Psicólogo/a é a melhor pessoa para nos ajudar. Podemos falar com o/a Psicólogo/a da escola ou pedir à nossa Mãe ou ao nosso Pai para nos levarem a um/a. Um/a Psicólogo/a pode ajudar-nos a sentir melhor e a lidar com os nossos sentimentos de zanga.
A Ordem dos Psicólogos tem mais informação em escolasaudavelmente.pt
Ficha Técnica
- Título: Quando Estou Zangado/a
- Área Pedagógica: Psicologia
- Tipologia: Rubrica
- Autoria: Ordem dos Psicólogos
- Ano: 2022
- Imagem: fotografia de, mohamed abdelghaffar, Pexels.
- *Nota: constituindo a linguagem uma ferramenta para combater as desigualdades sociais, contribuindo para a eliminação de estereótipos e formas de discriminação, a OPP advoga a utilização de uma linguagem inclusiva, enquanto instrumento transformador de atitudes e comportamentos, de promoção do bem-estar, da Saúde Psicológica e da coesão, igualdade e justiça sociais.