Torre de Cascais: o plano de defesa costeira de D. João II
Conta-se que os ataques de um certo corsário francês, João Bretão de seu nome, terão pesado na decisão de D. João II em mandar levantar uma torre militar na antiga vila de Cascais. Proteger o porto da pirataria e garantir a defesa da barra do Tejo era o plano do rei.
Em frente à praia da Ribeira, nas águas tranquilas da baía de Cascais, o movimento dos barcos que entravam e saíam de Lisboa, era intenso e constante. Os que seguiam viagem para o oceano, ancoravam para abastecer de produtos frescos das terras em volta, como Colares e Sintra; os que estavam de chegada, ali ficavam à espera dos ventos e da maré favoráveis a uma navegação segura por entre os perigosos baixios da barra do Tejo. Por causa desta escala obrigatória, muitos corsários e piratas rondavam o principal porto atlântico do reino, trazendo má fama à costa portuguesa e prejudicando o comércio.
Com a expansão marítima a desenhar-se no horizonte, sabia D. João II que era urgente acabar com a pirataria e com corsários como João Bretão, que «ficava calmamente à espera que passassem os barcos ao largo, carregados de mercadorias, para os roubar».
Em finais do século XV, o monarca mandou então levantar uma torre com uma arquitetura a fazer lembrar os castelos medievais. A construção militar que recebeu o nome de Torre de Santo António, era a primeira fortificação defensiva da pequena vila. Do cimo das rochas, a estrutura quadrangular de três pisos, ameada e envolvida por uma muralha onde se abrigavam as peças de artilharia, vigiava o mar e os inimigos que se aproximassem.
Mas esta torre, mais tarde envolvida pela Fortaleza de Nossa Senhora da Luz, não era a única a defender a barra do Tejo: o rei tinha idealizado um plano maior, que consistia na construção da Torre de Belém, que não chegou a ver concluída, e na Torre de S. Sebastião da Caparica. O fogo cruzado entre estas duas fortificações, reforçado por uma nau estrategicamente colocada no rio, iria proteger navios comerciais e afastar visitantes indesejados.
Fazemos com a investigadora Margarida Magalhães Ramalho uma visita à história da Torre de Santo António, a fortificação erguida a cinco léguas de Lisboa que em 1580 foi tomada pelo Duque de Alba, abrindo assim caminho à conquista da coroa portuguesa por Filipe II de Espanha.
Ficha Técnica
- Título: Visita Guiada - Cidadela de Cascais
- Tipologia: Extrato de Programa Cultural
- Autoria: Paula Moura Pinheiro
- Produção: RTP
- Ano: 2015