Verão Quente de 1975, sinais de um país dividido

Um ano depois da revolução, o país está a ferro e fogo, com sucessivas ocupações, confrontos nas ruas, ataques a jornais, a sedes partidárias por parte das forças mais extremistas. Vasco Gonçalves procura reunir uma troika (que incluia também o presidente Costa Gomes e Otelo Saraiva de Carvalho), um diretório com poderes entregues pelo Conselho da Revolução com objectivo de levar a cabo as mudanças propostas pelo programa do MFA.

Mas um grupo de militares moderados, o Grupo dos nove, escreve um documento em que sustenta ser desejável a entrega do poder aos partidos políticos. A primeira votação livre já se tinha realizado, a Assembleia Constituinte estava em funcionamento. Este período de grande confronto político e mesmo físico ficou conhecido como Verão Quente e acabou com o falhanço do golpe militar de 25 de Novembro.

Com a letra “V” encontramos Vasco Gonçalves, primeiro-ministro dos II a IV governos provisórios. Coronel de engenharia, ajudou a escrever o programa do MFA, sendo-lhe atribuída a chefia do governo entre Julho de 1974 e Setembro de 1975. Nesse período avançaram alguns dos projetos mais marcantes do Movimento das Forças Armadas, como o salário mínimo, o subsídio de desemprego, a reforma agrária e as nacionalizações (estas, em parte, impulsionadas pelos receios que o golpe de 11 Março de 1975 provocara). Associado à ala mais à esquerda do MFA e ao PCP; Vasco Gonçalves perdeu espaço e poder com o 25 de Novembro, depois de ter tentado construir uma estrutura política que iria dirigir o país, à margem dos partidos políticos.

“Dicionário de Abril” é uma série de pequenos programas dedicados ao 25 de Abril de 1974 e ao período de instauração do regime democrático em Portugal, produzidos a partir de imagens de arquivo.