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Organizações repressivas e de controlo do Estado Novo

Organizações repressivas e de controlo do Estado Novo

Salazar criou organizações repressivas para anular ou silenciar as oposições, retirando direitos e liberdades aos indivíduos que deviam obedecer ao chefe. Criou o Secretariado de Propaganda Nacional para difundir os ideais do Estado Novo, como o autoritarismo e/ou o totalitarismo, e mecanismos de controlo da população, que enquadravam as crianças e jovens, as mulheres e os homens.

O Estado Novo assentava em organizações repressivas e mecanismos de controlo da população criadas por Salazar, à semelhança do fascismo italiano, para garantir o culto da personalidade ou culto do chefe e a negação dos direitos e liberdades individuais.

Logo em 1933 foi criada a Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (PVDE) para controlar os opositores políticos ao regime, contando com uma vasta rede de informadores civis.

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O preso político era detido, sem culpa formada e sem mandato, e sujeito a tortura física e psicológica, podendo a PVDE decidir alargar o tempo de prisão, que devia cumprir nas prisões políticas do Aljube, Caxias e Peniche.

A guerra civil espanhola (1936-39) fez endurecer o regime na defesa da ordem e disciplina, aumentando a repressão contra quem se opusesse ao Estado Novo. Em 1936 Salazar, com o intuito de perseguir sobretudo os comunistas e anarquistas, criou a Legião Portuguesa (milícia civil armada) e abriu o campo de concentração do Tarrafal.

Estabeleceu ainda a Censura prévia, conhecida como «lápis azul», sobre toda a produção intelectual, a rádio, a imprensa e o cinema, impedindo a divulgação de ideias contrárias ao regime e subordinando a cultura aos interesses do Estado.

O Estado Novo desenvolveu mecanismos de controlo da população, com o objetivo de difundir os valores do regime e influenciar a opinião pública.

Em 1933, foi criado o Secretariado de Propaganda Nacional, dirigido por António Ferro, que promoveu a «Política de Espírito» procurando conciliar vanguarda e tradição. A face mais visível da ação do Secretariado de Propaganda eram os cartazes com mensagens de glorificação da infalibilidade do chefe e de exaltação das realizações do Estado Novo (denegrindo a 1ª República).

Para valorizar a cultura popular e a grandeza do império António Ferro promoveu concursos, festivais de folclore e exposições, destacando-se a Exposição do Mundo Português (1940). Organizou ainda desfiles e comícios, onde Salazar discursava, embora preferisse fazê-lo através da rádio, porque ao contrário de Mussolini, Salazar evitava banhos de multidão.

A reforma do ensino, de 1936, contribuiu para a redução da taxa de analfabetismo (ainda que lenta), mas orientava-se sobretudo para a transmissão dos valores do regime incutindo a crianças e jovens o espírito de obediência ao chefe e de defesa da Nação. Desde cedo aprendiam a valorizá-la acima das outras, numa lógica de nacionalismo exacerbado, que aliado ao patriotismo e ao imperialismo, fomentava a ideia de superioridade da Nação, da raça e da religião católica.

Privilegiavam-se certos períodos da História, como a Reconquista e os Descobrimentos e enalteciam-se os heróis, como o Infante D. Henrique ou Nuno Álvares Pereira. Para garantir que não havia desvios ao ensino pretendido pelo regime adotou-se um manual escolar único (o mesmo conteúdo para todos) e controlavam-se os professores, que assinavam uma declaração em como não professavam ideologias contra o Estado Novo.

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Desde pequenos, meninos e meninas, mesmo que não frequentassem a escola, eram enquadrados na Mocidade Portuguesa, também criada em 1936, para a prática de exercício físico, numa lógica militarista de educação para a guerra, fomentando-se os valores de disciplina e respeito às hierarquias.

Salazar preocupou-se também em controlar os tempos livres dos trabalhadores e das suas famílias, sobretudo os dos meios urbanos, tendo criado, em 1935, a Federação Nacional para a Alegria no Trabalho (FNAT) para a promoção de atividades culturais, desportivas e recreativas.

Foi também criada, em 1936, uma organização de enquadramento das mulheres – a Obra das Mães pela Educação Nacional (OMEN) – para difundir o papel da mulher como mãe, zelosa da família e das tarefas domésticas e esposa obediente ao marido (chefe na família).

Sinopse:

  • O caráter autoritário e totalitário do Estado Novo assentava no culto do chefe e na negação dos direitos e liberdades individuais.
  • As organizações repressivas do Estado Novo eram a Censura Prévia, a Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (PVDE) e a Legião Portuguesa (a milícia portuguesa).
  • Os mecanismos de controlo da população foram o Secretariado de Propaganda Nacional, a Federação Nacional para a Alegria no Trabalho (FNAT), a Mocidade Portuguesa e a Obra das Mães pela Educação Nacional (OMEN), bem como a educação.

Temas

Ficha Técnica

  • Área Pedagógica: Caracterizar as organizações repressivas e os mecanismos de controlo da população criados pelo Estado Novo.
  • Tipologia: Explicador
  • Autoria: Associação dos Professores de História/ Mariana Lagarto
  • Ano: 2021
  • Imagem: Elementos da Mocidade Portuguesa colaboram na plantação da mata de Monsanto, Arquivo Municipal de Lisboa