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Os objetivos da criação da Sociedade das Nações

Os objetivos da criação da Sociedade das Nações

O final da Grande Guerra ditou o desaparecimento de quatro grandes impérios - o Império Alemão, o Império Austro-Húngaro, o Império Otomano e o Império Russo - e o nascimento de novos Estados-Nações. A construção de uma nova ordem mundial coube aos líderes das potências vitoriosas, os EUA, a Grã-Bretanha, a França e a Itália. Uma das principais concretizações do pós-guerra foi a criação da Sociedade das Nações (SDN), sediada em Genebra.

Woodrow Wilson foi um dos grandes impulsionadores da nova organização mundial, moldada pelos princípios enunciados pelo presidente dos EUA nos seus “Catorze Pontos”.

A SDN foi criada com o objetivo de garantir a paz internacional e a segurança coletiva, colocando um travão a ameaças externas e impedindo que uma nova guerra voltasse a eclodir. Deveria ainda promover a cooperação internacional em diversos domínios, resolvendo dissensões económicas e sociais.

 

Sucessos e fracassos

Nos anos 30, a sua autoridade foi desafiada pelas potências revisionistas, o Japão, a Itália e a Alemanha, tendo sido incapaz de evitar a eclosão de uma nova guerra mundial.

No entanto, o balanço da sua ação não se pautou apenas por fracassos, tendo sido bem-sucedida no domínio da cooperação internacional, por meio dos seus vários comités e comissões. Foi o caso da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que ajudou a melhorar as condições laborais em todo o mundo, ou da Organização de Saúde, que promoveu a investigação sobre epidemias, ajudando a combater a epidemia de tifo na Rússia.

Já a Comissão de Mandatos foi responsável pela supervisão de territórios retirados à Alemanha e à Turquia. Outra das tarefas que a SDN assumiu foi a proteção das minorias étnicas, numa altura em que a Europa Central e de Leste viviam uma crise humanitária.

 

Porque é que a SDN não foi capaz de assegurar a paz?

A SDN foi sempre encarada como uma organização estabelecida para servir os interesses das potências vencedoras, nomeadamente da França e da Grã-Bretanha. Os EUA, que haviam sido os grandes impulsionadores da sua criação e que eram a principal potência mundial, acabaram por não integrar a organização, minando desde logo os seus fundamentos.

Outras ausências significativas eram a Alemanha, que apesar de derrotada na guerra e amputada territorialmente, continuava a ser uma grande potência no quadro geopolítico europeu, ou a União Soviética. A Alemanha apenas foi admitida em 1926, abandonando a organização depois da chegada de Hitler ao poder, e a União Soviética em 1934.

A SDN não tinha uma força militar que pudesse ser utilizada para fazer cumprir as suas diretivas. A Comissão de Desarmamento, por exemplo, nunca conseguiu persuadir os estados membros a reduzirem os seus armamentos. Por outro lado, era difícil chegar a decisões unânimes entre os estados-membros (começaram por ser 42, inicialmente, aumentando até aos 58, em 1926).

No entanto, foram as agressões desencadeadas pelo Japão, pela Itália e pela Alemanha que desacreditaram por completo a SDN. Em 1931 o Japão invadiu a Manchúria, um território chinês. Apesar de a China ter apelado a uma intervenção da SDN e de esta ter exigido a retirada das tropas, o Japão não obedeceu.

O prestígio da organização voltou a ser abalado quando, em 1935, a Itália Fascista invadiu a Abissínia. Nem a condenação ou as sanções económicas impostas pela SDN foram capazes de fazer recuar Benito Mussolini. A Grã-Bretanha e a França não estavam dispostas a antagonizar o líder italiano, receando que isso o aproximasse de Hitler.

Em 1935, Hitler reintroduziu o serviço militar na Alemanha e, em 1936, as tropas alemãs ocuparam a zona desmilitarizada do Reno, sem que a SDN conseguisse evitá-lo. Uma vez mais, franceses e britânicos não quiserem dar uma resposta firme para parar esta nova agressão. As portas estavam abertas para novas agressões por parte da Alemanha, que iria provocar uma guerra mundial. A SDN reuniu-se pela última vez em dezembro de 1939, sendo dissolvida em 1946.

Síntese:

  • Woodrow Wilson foi um dos grandes impulsionadores da nova organização mundial.
  • Nos anos 30, a sua autoridade foi desafiada pelas potências revisionistas.
  • O balanço da sua ação não se pautou apenas por fracassos, tendo sido bem-sucedida no domínio da cooperação internacional, por meio dos seus vários comités e comissões.
  • Os EUA acabaram por não integrar a organização, minando desde logo os seus fundamentos.

Temas

Ficha Técnica

  • Área Pedagógica: Referir os grandes objetivos da criação da Sociedade das Nações (SDN)
  • Tipologia: Explicador
  • Autoria: Associação dos Professores de História/ Cláudia Ninhos
  • Ano: 2021
  • Imagem: President Woodrow Wilson, The U.S. National Archives