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As revoluções da República

As revoluções da República

A 1.ª República sofreu várias tentativas de derrube por parte dos conservadores, conseguindo recuperar-se mesmo do sidonismo e da Monarquia do Norte. Mas a crise económica e financeira fez aumentar os adeptos de soluções autoritárias, tanto fascistas como comunistas. O Golpe Militar de 28 de maio de 1926, liderado por Gomes da Costa, derrubou a 1.ª República e instituiu a Ditadura Militar.

Durante os 16 anos da 1.ª República (1910-1926) houve várias tentativas de derrube do regime republicano. A participação na 1.ª Guerra não foi consensual e aumentou as discórdias no Congresso entre os partidos republicanos, que não apoiavam os programas do governo. Logo em 1915 houve um golpe militar do general Pimenta de Castro, afeto aos monárquicos, que dissolveu o Parlamento e tentou implantar uma ditadura. No entanto, também entre a oposição não havia consenso e a queda desta ditadura deu lugar a novas eleições ganhas pelo Partido Democrático de Afonso Costa, que assumiu a entrada de Portugal na guerra.

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O agravamento das dificuldades económico-financeiras e a agitação social criou as condições para mais um golpe militar em dezembro de 1917, que foi liderado pelo major Sidónio Pais, apoiado pelas forças conservadoras – grande burguesia, clero, monárquicos. Sidónio Pais dissolveu o Congresso, demitiu o governo de Norton de Matos e destituiu o Presidente da República, Bernardino Machado, fazendo-se eleger a si próprio Presidente, em abril de 1918, em eleições ao estilo americano, que não se enquadravam no espírito da Constituição de 1911.

Para marcar ainda mais o distanciamento face à situação designou o seu governo como “República Nova”, expulsou Afonso Costa e abandonou as tropas do CEP na Flandres, não enviando os esperados substitutos de quem estava na frente há vários meses. A sua ditadura assentou inicialmente no seu carisma, sendo considerado como «herói» pelas massas populares, para o que contribuiu a pompa das paradas militares que encenava. No entanto, como a anarquia governativa e a crise económico-financeira se acentuavam, o clima de agitação social aumentou e o Partido Unionista, que o apoiara, afastou-se dele. Sidónio Pais reforçou o tom autoritário do regime com a repressão policial e com a censura, suscitando várias conspirações dos republicanos.

O seu assassinato em dezembro de 1918 provocou graves cisões entre as forças políticas republicanas e conservadoras, vivendo-se um clima de quase guerra civil. Foi nessa altura que os monárquicos do Porto declararam a «Monarquia do Norte», mas sem sucesso, até porque D. Manuel não tencionava voltar a Portugal.

O fim da “Monarquia do Norte”
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O desfecho deste golpe levou a que o Partido Democrático (de Afonso Costa) voltasse à cena política em março de 1919, sem lhe ser fácil governar devido ao fracionamento crescente dos partidos políticos e às situações de corrupção e desfalques, que aumentavam a falta de credibilidade dos governos. Estes sucediam-se a um ritmo vertiginoso sem conseguir resolver a crise, sobretudo devido aos interesses da grande burguesia e dos especuladores.

Os atentados políticos e a constante agitação social, provocada pela queda do nível de vida, sobretudo nos meios urbanos, fez crescer os adeptos de soluções autoritárias, que ansiavam por ordem e paz social.

A situação vivida em Portugal era semelhante ao que se passava na Europa onde, entre 1919 e 1923, se sucediam golpes para colocar no poder governos de ideologia fascista ou comunista. Estes últimos agradavam mais ao operariado, apesar de haver quem preferisse soluções anarcossindicalistas. A solução fascista de Mussolini agradava mais à grande burguesia e às classes médias urbanas, que temiam a perda da propriedade privada e a chegada ao poder dos comunistas.

A revolução de 1926 em fotografias
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Assim se percebe a adesão da grande burguesia e das classes médias urbanas ao Golpe Militar de 28 de maio de 1926, liderado pelo general Gomes da Costa, que instituiu a Ditadura Militar. Com promessas de ordem e paz social atraiu ainda os católicos conservadores, os monárquicos, os integralistas lusitanos e alguns republicanos. No entanto, a instabilidade política continuou e, apesar de a Ditadura Militar se ter dissolvido o Congresso, instaurado a censura e suspenso as liberdades individuais, não conseguiu resolver os problemas económicos.

Síntese:

  • A 1ª República (1910-1926) enfrentou várias tentativas de derrube entre as quais a de Pimenta de Castro (1915), a ditadura de Sidónio Pais (1917-18), a «Monarquia do Norte» (1919) e o golpe de Gomes da Costa que a derrubou em 28 de maio de 1926.
  • O sidonismo, instituído como "República Nova”, teve um caráter ditatorial, tendo Sidónio Pais desprotegido as tropas do CEP na Flandres e acabou por ser assassinado.
  • Os atentados políticos, a agitação social e a queda do nível de vida fizeram crescer os adeptos de soluções autoritárias de ideologia comunista ou de ideologia fascista.
  • A Ditadura Militar instituída com promessas de ordem e paz, após o 28 de maio de 1926, teve a adesão das forças conservadoras, da grande burguesia e classes médias urbanas.

Temas

Ficha Técnica

  • Área Pedagógica: Referir tentativas de derrube do regime republicano, salientando o sidonismo (1917) e as tentativas de restauração monárquica. Relacionar o crescimento dos adeptos de soluções autoritárias na década de 20 em Portugal com a situação interna do país e com o contexto internacional. Reconhecer no Golpe Militar de 28 de maio de 1926 o fim da República parlamentar e o início da Ditadura Militar.
  • Tipologia: Explicador
  • Autoria: Associação dos Professores de História/Mariana Lagarto
  • Ano: 2021
  • Imagem: Sidónio Pais e Moura Pinto no acampamento revolucionário em Dezembro de 1917, Ilustração Portuguesa - 17/12/1917