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Processos irregulares de formação de palavras

Processos irregulares de formação de palavras

É com alguma frequência que a nossa língua incorpora novas palavras, ora provenientes de idiomas estrangeiros, ora criadas a partir de palavras já existentes. Essas palavras novas surgem através de diferentes processos de formação: regulares e irregulares. Os processos regulares são mais previsíveis e afetam a estrutura formal das palavras. A afixação, a composição, a derivação não-afixal e a conversão são alguns dos mais frequentes. Os processos irregulares, por sua vez, são menos previsíveis, mas contribuem também para o enriquecimento do léxico de uma língua. Vamos conhecer quais os processos irregulares de formação de palavras em português.

PROCESSOS IRREGULARES DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS

Empréstimo

O empréstimo consiste na adoção de palavras estrangeiras, que assim passam também a fazer parte do léxico português. Hoje em dia, são inúmeros os empréstimos que utilizamos no dia a dia, sobretudo na área da informática e das novas tecnologias em geral. Palavras como t-shirt, software, marketing, surf, etc. são todas inglesas, mas introduziram-se no nosso léxico dada a frequência do seu uso.

As palavras podem manter a grafia da língua de origem (por exemplo, abat-jour, ballet, cocktail, e-mail, surf, t-shirt) ou ser alvo de alterações gráficas, para melhor se adequarem às regras de correspondência grafia-fonia da nossa língua (por exemplo, ténis, maionese, iogurte, hambúrguer, batom, ecrã).

Siglação e Acronímia

As siglas e os acrónimos são vocábulos que se formaram a partir das iniciais das palavras que constituem uma expressão. Regra geral, escrevem-se com letras maiúsculas e, originalmente, incluíam um ponto entre cada uma. Quase todos designam nomes e muitos deles são nomes próprios.

A diferença entre uma sigla e um acrónimo está na forma como são pronunciados:

– sigla: pronuncia-se letra a letra, usando o nome que cada uma tem. Por exemplo: ATL (Atelier de Tempos Livres): «a-tê-ele»; CC (Cartão de Cidadão): «cê-cê»; PME (Pequenas e Médias Empresas): «pê-eme-é»; EVT (Educação Visual e Tecnológica): «é-vê-tê».

– acrónimo: pronuncia-se tal e qual como as palavras normais da língua, ou seja, fazendo uma leitura silábica das letras. Por exemplo, OVNI (objeto voador não identificado): «óvni»; PIB (produto interno bruto): «pibe»; ASAE (Autoridade de Segurança Alimentar e Económica): «azai».

Truncação

A truncação é um processo que consiste em eliminar a parte final de uma palavra, passando a forma abreviada a ser mais utilizada do que a forma completa. São, em princípio, vocábulos bastante longos ou difíceis de pronunciar que dão origem às abreviações.

Por exemplo, pneu(mático), moto(cicleta), (de fanático), extra(ordinário).

Amálgama

É uma forma irregular de composição em que as duas palavras que se juntam (ou pelo menos uma) são propositadamente abreviadas. É o que acontece em aparthotel, de apart(amento) + hotel; cibernauta, de ciber(nética) + (astro)nauta; futsal, de fut(ebol) + sal(ão); cantautor, de cant(or) + autor.

Trata-se de um processo pouco produtivo no léxico comum, mas que surge algumas vezes em nomes comerciais, de empresas ou produtos.

Extensão semântica

Também podemos considerar que se criam novas palavras a partir de outras quando certas formas de base adquirem significados novos, por vezes em âmbitos diferentes daqueles em que se inscrevia o seu sentido primeiro. Há sempre, naturalmente, uma relação de analogia entre o significado da base e o do termo novo. Por exemplo, rato designa um animal, mas passou a ter um significado específico no âmbito da informática: o «aparelho periférico de um computador que serve para movimentar o cursor na tela». O mesmo aconteceu com o vírus, que transitou da medicina para a informática, a bolsa, que passou do domínio geral para o âmbito da economia, e o verbo abarcar, que da náutica transitou para o domínio geral.

Reduplicação

Este processo está na origem de muitos termos usados pelas crianças e pelos seus educadores e que acabaram por entrar no léxico da língua, como popó, papá, mamã, dói-dói, tautau, etc.

Trata-se da criação de uma palavra por meio da junção de sílabas idênticas ou muito semelhantes, a maior parte das quais tem uma intenção onomatopaica, ou seja, pretende reproduzir um som que está relacionado com o sentido da palavra. É o caso de popó, que reproduz o som da buzina de um automóvel, e de piupiu, que imita o som dos pássaros.

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Ficha Técnica

  • Área Pedagógica: Gramática
  • Tipologia: Explicador
  • Autoria: Sandra Duarte Tavares
  • Ano: 2022