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Geomorfologia – Portugal

Geomorfologia – Portugal

Em Portugal continental as características do relevo são marcadas pela diferenciação de grandes unidades geomorfológicas onde é possível encontrar recursos geológicos diversos. As unidades geomorfológicas distinguem-se pelos processos de génese, evolução e consequente constituição ao nível dos materiais rochosos dominantes em cada uma.

Em Portugal Continental as características do relevo são marcadas pela diferenciação de grandes unidades geomorfológicas que estão no grande conjunto morfoestrutural que constitui a Península Ibérica.

A maior parte do território português faz parte do Maciço Ibérico ou Hespérico, entre nós designado por Maciço Antigo (Fig.1), pois a formação da maior parte das rochas desta unidade ocorreu há cerca de 1000 milhões de anos. Predominam aqui os granitos, xistos e gnaisses, rochas, em geral, muito deformadas pela erosão e afetadas por elevado grau de metamorfismo.

Fig.1 – Unidades morfoestruturais de Portugal continental. SNIRH

A atuação de forças geológicas ao longo do tempo e dos diferentes elementos erosivos levaram a uma distinção dentro do próprio Maciço Antigo, sendo mais vigoroso a norte do rio Tejo, com relevo montanhoso mais elevado e entrecortado por vales profundos, e mais aplanado a sul, onde sobressaem ocasionalmente relevos residuais de pequena dimensão (Fig.2).

Fig.2 – Mapa hipsométrico de Portugal continental. SNIRH

Atualmente, o Maciço Antigo está muito desgastado pela erosão e retalhado por numerosas fraturas e falhas tectónicas que o dividiram em imensos blocos. Alguns elevaram-se formando serras (Horst) e outros rebaixaram-se originando vales (Graben). São exemplo dos primeiros, os horst que têm orientação principal de NE-SW ou NNE-SSW, como os da Estrela, Açor, Lousã, conjunto designado por Cordilheira Central, onde se localiza a maior altitude do continente (1993m na Torre- Serra da Estrela), mas também os horst do Caramulo e Gerês. Como exemplos de graben, temos a Veiga de Chaves e a Cova da Beira (Fig.3).

Fig.3 -Corte esquemático das serras do Minho e da Cordilheira Central.
APROFGEO (adaptado de Brito, Raquel Soeiro)

Por serem formados por rochas muito resistentes à erosão, ainda hoje permanecem salientes outros relevos mais ou menos vigorosos no norte e centro: Marão, Buçaco, Valongo, São Mamede (a maior altitude a sul do Tejo). Muitas das fraturas entretanto ocorridas são hoje aproveitadas para a escorrência dos rios.

A unidade correspondente ao Maciço Antigo ficou formada, de forma definitiva, no final do Paleozoico (antes dos Dinossauros). Na altura, prolongava-se até aos ilhéus das Berlengas, e Farilhões, ao largo de Peniche, formados por rochas da mesma idade e natureza. Após uma fase de relativa acalmia, surgem atividades vulcânicas importantes que originaram maciços de natureza granítica, como por exemplo, as serras de Sintra, Sines e Monchique.

Paralelamente, a erosão levou à formação de extensos depósitos que se sedimentaram no fundo oceânico, originando rochas como as margas e os calcários. A ocorrência de novos movimentos tectónicos fez emergir estas formações sedimentares, resultando em relevos não muito elevados, mas de tectónica vigorosa como as serras que constituem o Maciço Calcário Estremenho (Aire e Candeeiros).

Surge assim outra unidade, as Orlas Mesocenozoicas, por se terem formado no Mesozoico (deposição de sedimentos) e Cenozóico (enrugamento por ação da orogenia Alpina). Ocupam hoje a faixa litoral de Espinho a Sintra (Orla Mesocenozoica Ocidental) e todo o litoral Algarvio (Orla Mesocenozoica Meridional).

As Bacias Sedimentares do Tejo-Sado constituem a unidade geomorfológica mais recente correspondente a uma depressão invadida pelo mar durante o Cenozóico, mas de pouca profundidade. Nela depositaram-se enormes quantidades de sedimentos marinhos, numa primeira fase, e, mais recentemente, sedimentos fluviais que acabaram por aparecer à superfície, por preenchimento dessa depressão. Do ponto de vista morfológico, apresenta-se como uma extensa planície onde abundam areias e argilas e onde escoam dois rios de grande importância – o Tejo e o Sado.

Posteriormente, fizeram-se sentir algumas alterações essencialmente por ação do clima. Nas épocas mais frias, por exemplo, aumentou a quantidade de gelo acumulado sobre o território, provocando uma regressão do nível do mar. Os testemunhos da ação erosiva dos glaciares são ainda hoje evidentes na Serra da Estrela, na configuração do Vale em U, do Rio Zêzere.

Relevo
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Rede e Bacia Hidrográfica
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SÍNTESE

  • O território continental português apresenta uma grande heterogeneidade no que diz respeito à forma e estrutura do relevo.
  • Em função da estrutura, litologia e respetiva distribuição dos materiais rochosos a nível geográfico, assim estão definidas três grandes unidades morfoestruturais inseridas no grande conjunto ibérico: o Maciço Hespérico ou Maciço Antigo, as Orlas Mesocenozoicas e as Bacias sedimentares do rio Tejo e do rio Sado.
  • De acordo com a escala cronológica de formação, o Maciço Antigo é a unidade morfoestrutural mais antiga, logo seguido das orlas mesocenozoicas e, por fim, as mais recentes, as bacias sedimentares do Tejo e do Sado.
  • Cada uma das três unidades apresenta um tipo de rocha dominante e uma morfologia diretamente relacionados com os processos de génese e evolução ao longo dos tempos.

Temas

Ficha Técnica

  • Área Pedagógica: Meio Natural - Os recursos de que a população dispõe: os do subsolo
  • Tipologia: Explicador
  • Autoria: Associação de Professores de Geografia
  • Ano: 2021
  • Imagem: Cântaro Magro, formação granítica modelada pela erosão glaciar na Serra da Estrela, com mais de 500 metros de altura, WIKIPÉDIA