Catedral de Miranda Douro: renascimento, maneirismo e barroco
Imponente desde o século XVI, esta catedral mandada construir por D. João III para ser "sede do novíssimo bispado de Miranda" é central na história e no espaço que ocupa na cidade mirandesa. A fachada em pedra granítica lavrada, austera, de simetria exemplar, com as duas torres sineiras, destaca-se na paisagem, serpenteada pelo rio Douro. Um marco na arquitetura renascentista em Portugal, com elementos do maneirismo e do barroco. Só o retábulo-mor é uma peça sem igual por toda a península ibéria. Em pormenor, aqui.
Uma catedral de escala grandiosa, foi pedido régio dirigido a Gonçalo Torralva para a pequena povoação transmontana, peça fundamental do reino na defesa contra Castela. Porém, não seria o arquiteto favorito de D. João III o autor final desta obra a ser erguida dentro das muralhas da nova cidade de Miranda do Douro, mas sim Miguel de Arruda, outro “mestre na arte de construir”, que vai trazer para o projeto algumas influências da sua área de especialização, a arquitetura militar.
Entre o que se discutiu, aprovou e desaprovou, ficou assente que o templo de fachada monumental e planta em cruz latina havia de construir-se no espaço outrora ocupado pela antiga igreja gótica de Santa Maria, do reinado de D. Dinis. Com empreitada primeiro entregue a Pêro de la Faya, os trabalhos começaram em 1552 para ficarem concluídos já durante o período filipino, na última década do século XVI e com novo construtor ao leme, Francisco Velásquez.
Com as coroas de Portugal e Castela unidas, não é de estranhar que outros mestres espanhóis de grande relevo tenham sido chamados a participar na obra, desde logo o escultor Gregório Fernandez, a quem coube executar, na sua oficina em Valladolid, o retábulo de talha dourada maneirista do altar-mor, “tido como um primeiro sinal do barroco” em território português, “uma das mais extraordinárias de Trás-os-Montes, de Portugal e de toda a Península Ibérica”, salienta António Rodrigues Mourinho, neste excerto do programa Visita Guiada.
Com este historiador ficamos a conhecer a “primeira catedral que se constrói em Portugal depois do Concílio de Trento” e que Miranda do Douro exibe orgulhosa como herança de um passado em que a cidade foi sede de diocese (1545-1780).
Ficha Técnica
- Título: Visita Guiada - Catedral de Miranda do Douro
- Tipologia: Extrato de Programa Cultural
- Autoria: Paula Moura Pinheiro
- Produção: RTP
- Ano: 2018