Clima de Portugal Continental
O clima – sucessão de estados de tempo ao longo de um ano (considerada a média de 30 anos) - condiciona não só a alimentação dos cursos de água, a formação/manutenção dos solos e respetivo coberto vegetal, como também as atividades humanas, nomeadamente a agricultura (escolha das plantas a cultivar, necessidade de rega ou de estufas) e o turismo, particularmente na vertente sol e praia.
Pela sua localização na zona temperada, na fachada ocidental de um continente, e dada a existência de uma estação seca durante a época mais quente, o clima de Portugal Continental é classificado, na sua generalidade, como temperado mediterrâneo.
Situações meteorológicas típicas de Portugal
Portugal Continental localiza-se entre os 37 graus e 42 graus de latitude norte, ficando, por isso, na zona de transição entre os anticiclones subtropicais e a zona das depressões subpolares (Fig.1). Em termos de circulação geral da atmosfera, no hemisfério norte (HN), todo o sistema se desloca mais para norte, no verão, e mais para sul, no inverno.
A Fig.2 representa uma situação típica de inverno em que o território português é invadido por depressões subpolares que arrastam consigo sistemas frontais complexos (frente polar) e se deslocam no sentido oeste-este. Estas são responsáveis por grande instabilidade atmosférica que se pode prolongar por vários dias. O estado do tempo caracteriza-se em geral, por vento, céu muito nublado e precipitação que alterna entre chuva contínua mais ou menos intensa e aguaceiros fortes, consoante o tipo de frente quente ou fria que, respetivamente, esteja a atravessar o território.
Na segunda situação típica de inverno (Fig.3), a Península Ibérica fica sob a influência de ar muito frio e seco vindo do interior do continente europeu. Quando o ar entra em contacto com a superfície terrestre, igualmente fria, formam-se anticiclones de origem térmica que constituem uma barreira à passagem dos sistemas frontais (frente polar), gerando ausência de nebulosidade e precipitação ao longo de vários dias muito frios e secos e com condições favoráveis à ocorrência de geada, em especial no interior do País.
A situação mais habitual de verão é a retratada na carta sinótica da Fig.4, em que a presença do Anticiclone dos Açores, facilita a entrada de massas de ar tropical.
Durante esta época do ano, e devido ao movimento de translação da Terra, as massas de ar são deslocadas para norte, ficando o território nacional, especialmente influenciado pelas altas pressões subtropicais. No seguimento, as temperaturas são altas, o vento é predominantemente fraco e o céu apresenta-se geralmente limpo, não se registando, por isso, precipitação. O vento que sopra do quadrante norte, ao longo da costa ocidental, é comummente designado por nortada.
A segunda situação típica de verão resulta do intenso aquecimento do solo no interior da Península Ibérica, numa sucessão de dias muito quentes. Nessas condições atmosféricas, forma-se uma depressão de origem térmica que origina grande nebulosidade e precipitação intensa de tipo convectivo, acompanhada de trovoadas de curta duração, em particular no interior do território continental.
Subtipos climáticos de Portugal
Em detrimento de outras classificações como a de Köppen-Geiger, que atribui ao território português continental um clima temperado com inverno suave – Cs – por sua vez, subdividido em clima temperado com inverno chuvoso e verão seco e quente (Csa) e em clima temperado com inverno chuvoso e verão seco e pouco quente (Csb), optou-se pela classificação climática clássica a partir da qual se explica o facto de, em Portugal, o verão ser quente e seco e o inverno suave com precipitação que é também frequente na primavera e, sobretudo, no outono, ou seja, as características típicas do clima temperado mediterrâneo.
Apesar da dimensão reduzida do território, este apresenta uma certa variabilidade climática (Fig.6). O clima tipicamente mediterrâneo está bem expresso na região sul (delimitada sensivelmente pelo rio Tejo). No restante território, registam-se três influências climáticas diferentes: no centro e norte, em que, para além da latitude, também a altitude é mais elevada do que no sul, a influência marítima intensifica-se no Litoral, diminuindo o número de meses secos e aumentando o valor da precipitação.
No norte interior, como a disposição do relevo concordante – quase perpendicular à linha de costa – funciona como uma barreira à penetração das massas de ar húmidas transportadas no sentido dominante oeste-este, a influência da continentalidade passa a ser dominante. Nas áreas montanhosas, a influência da altitude esbate as características do clima mediterrâneo pela ocorrência de totais de precipitação bastante elevados e uma diminuição da temperatura média anual e do período seco estival.
SÍNTESE
- O clima de Portugal Continental é, na sua generalidade, temperado mediterrâneo.
- A alternância da influência das depressões barométricas subpolares e dos anticiclones subtropicais pode ser sintetizada em quatro situações meteorológicas típicas, duas no verão e duas no inverno.
- As variantes regionais do clima são: tipicamente mediterrâneo na região que se localiza sensivelmente a sul do Tejo; temperado mediterrâneo de influência marítima no centro e norte litoral; e temperado mediterrâneo de influência continental no norte interior.
Temas
Ficha Técnica
- Área Pedagógica: Meio Natural - Climas
- Tipologia: Explicador
- Autoria: Associação de Professores de Geografia
- Ano: 2021
- Imagem: Praia de Aljezur, Meriel Poolman / Unsplash