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A industrialização e o crescimento das áreas urbanas

A industrialização e o crescimento das áreas urbanas

O aumento das diferenças nos níveis de desenvolvimento entre países ou regiões facilitou e potenciou o reforço das situações de dominação económica, cultural ou político-militar, enquanto as colónias e os protetorados dos países industrializados se transformaram em fornecedores de matérias-primas e consumidores de bens e serviços de elevado valor acrescentado oriundos das metrópoles.

Fruto do grande desenvolvimento económico provocado pela Revolução Industrial a população mundial cresceu como nunca antes tinha acontecido. O rápido crescimento demográfico foi uma consequência direta da diminuição da mortalidade e do aumento da esperança de vida.

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Esta tendência começou a ser evidente desde meados do século XVIII e deveu-se a vários fatores: avanços na medicina; o recuo das grandes fomes; fatores climáticos, como o aquecimento do clima; aumento dos casamentos devido à confiança no futuro; a alta produção agrícola, com capacidade de alimentar a população durante todo o ano; mulheres com vidas mais longas podiam ter mais filhos. Aliado a todos estes fatores estiveram também os maiores cuidados com a higiene pessoal e coletiva, nomeadamente com o tratamento do lixo nas cidades e o enterramento fora das igrejas em locais próprios, os cemitérios.

O saldo fisiológico passou a ser altamente positivo, algo que em séculos anteriores era difícil de alcançar. O crescimento demográfico foi decisivo para a industrialização, já que mais consumidores exigiam mais produção, ao mesmo tempo eram consumidores e produtores e uma população jovem e abundante estava disponível para o trabalho na indústria.

Um dos efeitos do aumento populacional e da industrialização centrada nos núcleos urbanos foi a concentração humana em determinados espaços, surgindo grandes aglomerados. A este fator associou-se também o êxodo rural, as modificações na estrutura da propriedade e dos meios de produção no mundo rural permitiram libertar mão-de-obra para as cidades.

O século XIX assistiu ao início do gigantismo urbano. Londres, em 1900, ultrapassava os 6 milhões de habitantes, Berlim os 2 milhões e Paris estava perto dos 3 milhões. Se olharmos para outras cidades verificamos que a industrialização foi o fator dominante para o seu crescimento, é o caso de Essen na Alemanha: em 1800 tinha apenas 2000 habitantes, em 1900 ultrapassou os 40 000.

O crescimento das cidades não se deveu exclusivamente à industrialização, esta potenciou o crescimento de outros setores. Assistiu-se à expansão dos setores financeiro e comercial, ao surgimento de uma série de profissões ligadas aos bens e serviços que dinamizaram a economia urbana e foram um atrativo para o mundo rural encontrar outras formas de subsistência.

A organização do mundo urbano também teve de ser pensada pois surgiram novos problemas como: o alojamento e as suas condições de habitabilidade; abastecimento dos mercados; limpeza das áreas comuns; iluminação; espaços de circulação e tráfego, no fundo responder às necessidades próprias da vivência do espaço urbano. Desta forma, as estruturas urbanas alteraram-se.

As cidades expandiram-se para além das suas antigas muralhas e modernizaram os espaços, indo ao encontro do novo modo de vida urbano. Surgiu um urbanismo de cariz mais geométrico e utilitário, com amplas ruas retilíneas que favoreciam a circulação das pessoas e dos novos meios de transporte, como o metropolitano ou os carros elétricos. A malha urbana concentrava o trabalho, o lazer, a atividade económica e financeira que conviviam diariamente. Construíram-se teatros, óperas, parques ou jardins e a movimentação prolongava-se para além da luz do dia. A iluminação deu vida às cidades à noite. As cidades também se prolongaram para a periferia, as ligações ferroviárias permitiram o vai vem diário de um conjunto impressionante de pessoas. A cidade teve de ser pensada e estruturada, já não crescia de forma aleatória.

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Apesar de tudo, as cidades apresentavam fortes contrastes sociais. O centro era reservado aos negócios, para o mundo financeiro e para os bancos, para o comércio, para as funções administrativas ou para as repartições do Estado que aumentava a sua malha e rede burocrática. Os grandes banqueiros e industriais viviam em bairros luxuosos, com habitações elegantes situadas em zonas elegantes e arejadas, normalmente junto das principais avenidas, e demonstravam o grande dinamismo económico deste grupo social, a burguesia.

Surgiram também os bairros da crescente classe média, ligada aos serviços e ao médio e pequeno comércio. São bairros mais modestos, mas com algum conforto material.

Na periferia situavam-se os bairros operários onde as famílias se concentravam em espaços pequenos, sem condições de higiene, com pouca luz, onde proliferava a doença. Naturalmente, surgiram os grupos desprotegidos, os que ficavam excluídos do grande desenvolvimento, já que nem sempre era possível concretizar a melhoria das condições de vida, e principalmente os que sofriam nos momentos de crises económicas. Os desempregados, a prostituição, a indigência ou o mundo do crime também eram uma realidade nas cidades.

Síntese:

  • O desenvolvimento das sociedades fez crescer as cidades que ganhou novos espaços.
  • O rápido crescimento urbano obrigou a uma planificação urbanística, era necessário pensar a cidade.
  • Os novos espaços económicos, financeiros, culturais e sociais trouxeram novos problemas que era necessário solucionar.

Temas

Ficha Técnica

  • Área Pedagógica: Sublinhar o crescimento das cidades e da população urbana. Relacionar o crescimento das cidades e da população urbana com as transformações demográficas e económicas do século XIX. Referir processos de transformação do espaço urbano, sublinhando a crescente importância do urbanismo neste contexto.
  • Tipologia: Explicador
  • Autoria: Associação dos Professores de História/Nuno Pousinho
  • Ano: 2021
  • Imagem: London Bridge, Londres, 1896