Museu Aquário Vasco da Gama

As aventuras no mar do rei D. Carlos

As aventuras no mar do rei D. Carlos

Do fundo do mar trouxe espécies e espécimes nunca antes vistos, colecionou seres extraordinários para os mostrar aos portugueses no novo aquário do Dafundo. Ao longo de mais de dez anos D. Carlos estudou, analisou e descreveu o que recolhia e capturava nas expedições. Mas esta paixão oceanográfica do rei naturalista, começara muitos anos antes, quando um livro de ficção científica entrou na sua vida. A história do capitão Nemo das Vinte Mil Léguas Submarinas iria marcar para sempre o pequeno príncipe.

O mar era um sonho do jovem príncipe. Queria desvendar os mistérios dos oceanos, descobrir se nas profundezas das águas se escondiam os monstros das Vinte Mil Léguas Submarinas. Tinha oito anos quando leu a história de Júlio Vernes e as ilustrações que acompanhavam o volume que o pai, o rei D. Luís, lhe oferecera, fascinaram o principezinho. Imaginava-se explorador e, um dia, mais tarde, quando ouviu o príncipe Alberto do Mónaco contar as suas aventuras oceanográficas, decidiu que iria fazer o mesmo. Precisava de um barco e de se fazer ao mar.  

A 1 de setembro de 1896 começava a aventura do rei português. Vai ser ele o primeiro “a conhecer e dar a conhecer” a fauna do nosso mar, a descrever o funcionamento das correntes, a estudar tubarões e a rota dos atuns ao largo da costa. Nas doze campanhas que realiza a bordo do Yatch D. Amélia – ao todo teve quatro iates e a todos batizou com o nome da rainha -,  recolhe seres marinhos exóticos, nunca avistados sequer pelos pescadores que o ajudaram nestas expedições com informações valiosas. Para eles, D. Carlos é o “marítimo”, um apaixonado pelo mar que chega a desenvolver instrumentos que lhe permitem ir mais fundo nas suas pesquisas: com uma rede adaptada consegue provar que a vida não acabava nos 500 metros de profundidade, como até aí os naturalistas acreditavam. 

Antes de serem expostos no aquário Vasco da Gama, inaugurado em 1898 para as comemorações dos 400 anos da descoberta do caminho marítimo para a Índia, estes seres desconhecidos encheram as páginas do diário de bordo do rei. Ilustrações detalhadas acompanhavam os registos minuciosos destas viagens, porque o primogénito de D. Luís I e de D. Maria de Saboia, além de naturalista, cientista e pioneiro da oceanografia em Portugal, era também um artista, exímio no desenho e na pintura.

Desenho colorido de um peixe capturado pelo Rei

O que o rei trouxe do mar, os instrumentos que usou nas suas expedições, guarda o aquário-museu que idealizou. Tubarões, enguias, raias, peixes-aranhas, crustáceos e tantos outros seres extraordinários ali continuam em exposição, conservados em grandes frascos de vidro. Muitos destes espécimes estão a desaparecer dos oceanos e, por isso, voltaram a ser peças únicas e raras, essenciais para estudos científicos. 

 Ao longo de mais de cem anos outros monstros das profundezas – caso da lula gigante com mais de 200 quilos – acrescentaram-se a esta vasta coleção, legado único que o soberano português deixou aos portugueses e ao mundo. O espaço renovou-se, abriram-se novas galerias para dar a conhecer espécies animais e vegetais de diversos meios aquáticos, mas a missão desta casa da Ciência é a de sempre: ligar-nos à biodiversidade deste grande habitat que é o fundo do mar.  

Carlos Relvas: retrato do fotógrafo amador
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Ficha Técnica

  • Título: Visita Guiada - Aquário Vasco da Gama
  • Tipologia: Extrato de Programa Cultural
  • Produção: RTP
  • Ano: 2021