O estoicismo nas tragédias de Séneca
Mais acessíveis do que os seus tratados filosóficos, as peças que este pensador romano escreveu tinham a função de ensinar princípios básicos da moral estoica, doutrina que defendia. Séneca inspirou-se nos mitos da tradição grega, mais tarde, foi ele o modelo de outros dramaturgos. Vamos saber quais com Ricardo Duarte, professor de literatura clássica.
Escritas para serem apresentadas ao grande público, as peças dramáticas de Lúcio Ameno Séneca não serviam apenas para entreter. O filósofo romano que viveu no século I pretendia demonstrar como as paixões desgovernadas da razão conduzem a más decisões, por vezes com consequências fatais.
As tragédias, onde recriava mitos clássicos, tinham a função de moralizar, de transmitir princípios do pensamento estoico que apregoava e orientavam o seu estilo de vida. Através do despojamento, do conhecimento e da contemplação, Séneca buscava um bem maior, o aperfeiçoamento moral, a virtude. Consciente que os seus tratados filosóficos apenas chegavam a uma elite, recorreu a histórias violentas, a personagens mitológicas atormentadas, perversas, cruéis que todos repudiassem e censurassem, sem hesitar.
A Ética
As dez tragédias – Medeia, Édipo, Agamémnon, Hércules Enlouquecido, Fedra, Tiestes, Troianas, Fenícias, Hércules no Eta e Otávia – tiveram sucesso no seu tempo e além dele. Séneca influenciou grandes dramaturgos do Renascimento e do Barroco. Mais do que os tragediógrafos gregos é o seu modelo que vamos encontrar em Shakespeare, Racine e Corneille, sublinha na reportagem Ricardo Duarte, professor de literatura clássica. No teatro português, destaca a peça “António Marinheiro” de Bernardo Santareno, nas suas palavras o maior dramaturgo português do século XX.
Bernardo Santareno, a voz do teatro que a censura proibiu
Filósofo, dramaturgo, Séneca foi também um homem de estado. Com o seu exemplo e pensamento guiou o imperador Nero, procurando fazer dele melhor governante do que os antecessores Cláudio e Calígula, conhecidos pelos seus abusos de poder. Mas a história escreveu-se no fim com tragédia, começa por contar o investigador e tradutor da sua obra.
“Antígona”: a imortal tragédia de Sófocles
Ficha Técnica
- Título: Nada Será Como Dante
- Tipologia: Extrato de Magazine Cultural - Reportagem
- Produção: até ao Fim do Mundo
- Ano: 2023
