Os Portugueses na China da dinastia Ming

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No século XVI, os portugueses entraram no Índico e impuseram a sua presença no novo espaço geográfico. Não só dominaram a navegação como controlaram e influenciaram o comércio que ali se fazia. Mas o legado não se resume a conquistas e a práticas mercantis. O encontro entre gentes tão diferentes produziu uma troca de conhecimentos com consequências para a história global. Quando aportaram na China, as elites descobriram um gigante e sofisticado império. O que aprenderam uns com os outros? Voltamos a esse tempo nos vídeos que se seguem.

Em 1513, os portugueses chegavam às terras do povo descendente do dragão, um território tão vasto e com tal dimensão de populações que deixariam qualquer europeu abismado. Enquanto no pequeno reino português mal se contavam dois milhões de almas, ali, nos confins do oriente, avistavam-se cidades com um milhão de habitantes. Portugal era, ao tempo, um dos países mais importantes do globo, mas a China tinha estatuto de potência civilizacional há milhares de anos. Havia diferenças fundamentais na maneira como uns e outros estavam e olhavam o mundo. Ao contrário da tradição ocidental, na China da dinastia Ming não existiam privilégios de sangue; o poder conquistava-se com saber. Vejamos o exemplo dos mandarins.

O fascínio por estas gentes de fisionomias diferentes, com costumes estranhos à cultura ocidental, começara muito antes das navegações portuguesas, mais precisamente em 1298, nas páginas do manuscrito de Marco Polo, um dos primeiros europeus a aventurarem-se por estas geografias distantes. O legado científico e cultural das suas expedições terrestres podia estar ficcionado, mas era o único conhecimento que existia na Europa quando outras viagens uniram Ocidente e Oriente. Pelas terras da China andavam agora portugueses a comerciar, a cartografar, e padres jesuítas a missionar e a estudar a nova língua. 

Em meados do século XVI, a influência dos portugueses estendia-se a praticamente todo o Oriente. Dispunham de uma rede de fortes e feitorias em lugares estratégicos para assegurar as linhas de navegação conquistadas. O comércio fazia-se com sucesso, com os mercadores locais a beneficiarem também da presença dos intrusos europeus que, nas suas fortalezas flutuantes, transportavam produtos de todos os continentes.  

Acolhidos na China com desconfiança, os portugueses viriam a revelar-se de grande utilidade para contornar a política de isolamento que a dinastia Ming impusera como defesa. A partir de 1555, tiveram autorização para se estabelecerem em Macau, uma pequena península que iriam manter durante quase três séculos. Aqui chega e daqui parte a imponente nau do Trato, sempre a fazer os rentáveis negócios da China. 

A este lado do mundo também chegou o movimento da expansão religiosa. De Evangelho nas mãos, os Jesuítas fundaram missões por todo o Oriente. Mas, apesar das conversões que obtinham, as crenças locais prevaleciam e a sua presença era, muitas vezes, vista como uma intromissão intolerável. 

No entanto, a Companhia de Jesus não se limitava a espalhar o cristianismo, a catequizar. Onde quer que estivessem, os jesuítas aprendiam línguas, preparavam dicionários, estudavam costumes, trocavam conhecimentos e ideias. E são estas as características que vão agradar ao imperador chinês. Mesmo depois da perseguição e da ordem de expulsão dada no século XVIII, os mais preparados são autorizados a permanecer em Pequim, ao serviço do Império do Meio.  

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Ficha Técnica

  • Título: Visita Guiada - Centro Científico e Cultural de Macau, Lisboa
  • Tipologia: Excertos de Programa de Cultura Geral
  • Autoria: Paula Moura Pinheiro
  • Produção: RTP
  • Ano: 2023