A Ibéria dos romanos, germanos e muçulmanos
A história peninsular assenta em múltiplas movimentações de populações humanas que se cruzaram em migrações, ocupações e ofensivas militares. As mais importantes deixaram marcas civilizacionais que permanecem vivas. A língua e a religião introduzidas pelos romanos são exemplos incontornáveis. Quando o império de Roma entrou em declínio, outros povos vieram para o substituírem. Até que um pequeno reino das Astúrias impôs uma conquista definitiva a todo o território. O professor Luís Amaral percorre alguns séculos da nossa História nos vídeos a seguir.
Os romanos chegaram à Hispânia no século II a.C. e começaram por dominar as regiões do sul. Só muito mais tarde, cerca de cem anos depois, venceram a resistência dos povos que habitavam as zonas montanhosas do norte peninsular. Os novos senhores da Ibéria respeitaram culturas, tradições e formas de vida pré-existentes, mas a civilização que Roma trazia consigo era tão sedutora que acabou por ser aceite e assimilada pelas populações locais.
As terras do fim do mundo ou finisterra, como lhe chamavam, foram romanizadas, modernizadas de acordo com o padrão do império. O novo sistema de organização política e administrativa dividiu o território em províncias. Uma delas, a Galécia, tinha Bracara Augusta, um dos mais importantes centros de difusão do cristianismo, como capital. Virá a ser diocese e, mais tarde ainda, arquidiocese. A esta administração eclesiástica pertence a Igreja de São Pedro de Rates, anterior à formação do reino de Portugal, templo que serve de referência a esta longa história.
No século V o império de Roma entrou em declínio. Os povos do norte da Europa invadiram a Península e ditaram o fim do domínio romano no território. Por volta de 411 os suevos instalaram-se na província da Galécia, continuando Braga a desempenhar um papel político e religioso relevante. Durou cerca de cem anos, mas em 585 o reino suevo desapareceu quando, numa das lutas constantes com os poderosos visigodos, estes triunfaram e unificaram a Hispânia. Começava uma nova fase da vida peninsular.
Quando em 711 os exércitos muçulmanos invadiram a Ibéria encontraram a monarquia visigótica em convulsões internas, profundamente dividida. Foi tão fácil entrar no território que, dois anos depois, as principais cidades da Hispânia estavam sob o poder do Islão. Apanhado de surpresa, o mundo cristão encontrara finalmente um inimigo comum, uma causa pela qual valia a pena lutar. Logo em meados do século VIII, o plano da reconquista começou a desenhar-se a partir do pequeno reino das Astúrias. Animados num fervor religioso, os exércitos movimentavam-se numa lógica de ataque e não de defesa. O objetivo era recuperar e repovoar os territórios ocupados e, se possível, conquistar novas terras para a cristandade. Novos reinos e condados surgiram, entre eles o embrião do que viria a ser Portugal.
Ficha Técnica
- Título: Visita Guiada - Igreja de São Pedro de Rates, Póvoa de Varzim
- Tipologia: Excertos de Programa de Cultura Geral
- Autoria: Paula Moura Pinheiro
- Produção: RTP
- Ano: 2023