Renascimento

Casas Pintadas: cultura palaciana e arte profana do século XVI

No centro histórico de Évora há um jardim com um alpendre decorado com as mais bem preservadas pinturas profanas quinhentistas que existem em Portugal. Paredes e tetos escondem sereias, dragões, leopardos, raposas, galos e falcões, figuras míticas e fantásticas ao lado de animais comuns, em jogos de metáforas com intenção de moralizar. Mas estes delicados frescos, mandados fazer por um sofisticado nobre, permitem ainda visualizar um mundo que conhecemos da poesia do Cancioneiro Geral e do teatro de Gil Vicente. Que comece esta viagem à vida palaciana num mural do século XVI.

O Renascimento estava a começar em Portugal quando as pinturas exteriores desta residência aristocrática foram encomendadas por Francisco da Silveira, poeta de referência no Cancioneiro Geral e Coudel-Mor capitão de cavalaria – de D. Manuel I e D. João III. Como ele, os nobres tentavam-se a trocar as casas pardas portuguesas por palácios à italiana, a arquitetura da austeridade dava lugar à estética da elegância e da sofisticação. Mas da nova vida palaciana dizia-se que era um estrangeirismo, as críticas de quem nela apenas via gastos e exuberância ecoavam na voz de Pantasilea, a rainha da Exortação da Guerra, auto de Gil Vicente. 

O renascimento e a superação dos modelos da antiguidade
Explicador

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De 1513, do mesmo ano da obra vicentina, são estes frescos que sobreviveram cinco séculos para nos dar testemunho do ambiente cortesão quinhentista. Muitos palácios se construíram à época por todo o reino, peças arquitetónicas transformadoras da malha das cidades medievais, contudo das muitas pinturas profanas que se fizeram na primeira metade do século XVI, resta apenas este segredo bem guardado no interior de um jardim no centro de Évora.  

Numa época em que a arte religiosa dominava, estas pinturas mundanas contam histórias profanas com uma intenção moralizadora e uma dimensão crítica ao poder político e amoroso, sublinha Joaquim Caetano, guia deste episódio do programa Visita Guiada. Mas que fábulas e metáforas revelam estes animais fantásticos, seres mitológicos e oníricos que convivem harmoniosamente nas paredes e tetos destas Casas Pintadas com aves domésticas e outros animais que todos reconheciam? Que significado têm cada um destes quatro painéis que faziam parte de uma espécie de jogo palaciano para os nobres decifrarem?  

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Ficha Técnica

  • Título: Visita Guiada - Casas Pintadas em Évora
  • Tipologia: Extrato de Programa de Cultura Geral
  • Autoria: Paula Moura Pinheiro
  • Produção: RTP
  • Ano: 2014