D. Leonor Teles e o fim da primeira dinastia

Senhora de grande formosura, despertou amor no rei e ódio no povo. Mas se a ambição de Leonor Teles alcançou o trono, na história ficou como uma das piores rainhas de Portugal. Com ela no poder, o reino esteve em risco de perder a independência.

No início de 1372 corria em Lisboa o rumor de que o rei podia em breve desposar a dama a quem chamavam barregã, aleivosa e adúltera. A jovem, nascida na região de Trás-os-Montes, tinha sangue nobre mas não correspondia ao modelo de rainha virgem que o povo se habituara a ver no trono.

Leonor Teles era já casada e tinha um filho quando conheceu o monarca apelidado de Formoso e começou a partilhar o leito real. Apesar de saber da importância do matrimónio na frágil relação com Castela, D. Fernando, que tinha compromisso ajustado com uma infanta do reino vizinho, preferiu o coração aos interesses políticos. Para a arraia-miúda e alguma burguesia, o rei não resistira aos jogos de sedução da bela e ambiciosa fidalga do norte.

O casamento era tão impopular que, para evitar arruaças, a cerimónia realizou-se no discreto Mosteiro de Leça do Bailio, nos arredores da cidade do Porto. É por este mosteiro, palco de outros acontecimentos importante, que começa a história da rainha mal-amada, a quem Alexandre Herculano chamou de “Lucrécia Bórgia portuguesa”.

A conduta de Leonor Teles tornou-se mais odiosa depois da morte do jovem rei em 1383, quando assumiu a regência, prevista nas cláusulas do contrato nupcial por falta de herdeiro masculino. Tendo por conselheiro o Conde Andeiro, um nobre galego feito seu amante ainda D. Fernando era vivo, os dois usavam de poucos escrúpulos para manter o governo, cada vez menos apoiado.

Se por um lado as manobras políticas pareciam querer evitar que o genro, o rei de Castela, casado com a filha D. Beatriz, tomasse o trono português; por outro, foi D. Leonor quem, ao pedir-lhe ajuda, o convidou a invadir Portugal. Por duas vezes Juan I tentou e por duas vezes foi derrotado: primeiro pelas tropas comandadas por Nuno Álvares Pereira em Atoleiros e, da segunda vez, em Aljubarrota pelo mestre de Aviz, proclamado rei com o título de D. João I. Com ele começava a segunda dinastia.

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Ficha Técnica

  • Título: As Rainhas - Leonor e Filipa
  • Tipologia: Extrato de documentário
  • Autoria: Maria Júlia Fernandes
  • Produção: RTP
  • Ano: 2003