José Craveirinha, mito da poesia moçambicana
Escritor de poemas e contos, José Craveirinha gostava de se dizer "aprendiz de poeta". Traduzido em diversas línguas, o seu nome é uma referência da lusofonia e da cultura africana. Em 1991, o Prémio Camões reconheceu a criatividade do poeta moçambicano.
Português na filiação de origem, José, nascido na colonial Lourenço Marques, terá herdado do pai, algarvio de Aljezur com uma certa inclinação para versos, o gosto pelas letras. Aos oito anos recitava Camões, por volta dos vinte faz-se jornalista a ensaiar a escrita em vários jornais.
Militante da FRELIMO, envolvido na luta pela independência de Moçambique, é também na poesia que Craveirinha assume a oposição ao colonialismo e ao regime de Salazar. Já é poeta publicado quando a PIDE o manda prender. Destes tempos faz poemas que são confissões ou notas autobiográficas sobre os dias de um condenado a quatro anos de prisão. Os primeiros só aparecem muito depois, num pequeno livro intitulado “Cela 1”, mas outros mais havia para dar a ler.
Quando chegou a liberdade e Moçambique ficou uma nação independente, o poeta era um mito vivo na sua terra, figura tutelar da jovem literatura que começava a encontrar-se com as suas histórias. Quando fez oitenta anos, a homenagem que recebeu teve o sabor de um país inteiro; o governo de Joaquim Chissano consagrou aquele ano de 2002 como “o ano de José Craveirinha”.
Considerado próximo do neorrealismo português, José Craveirinha, confessava na entrevista que concedeu à rádio pública, em 1989, que ainda não se adaptara à ideia de que era um verdadeiro escritor. Tinha na altura 67 anos, muitos livros publicados e uma longa lista de distinções. Faltavam apenas dois anos para receber o Prémio Camões. Aqui temos o extrato dessa conversa.
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Ficha Técnica
- Título: Aniversário de José Craveirinha
- Tipologia: Reportagem
- Autoria: Henrique Aly
- Produção: RTP
- Ano: 2002
- Título da peça audio: "Diálogo"
- Tipo: Excerto de entrevista
- Produção: RDP
- Ano: 1989