O Lado Obscuro da Abundância

Tanto se produz, tanto se consome, tanto se desperdiça, que o excesso resulta em carência. Falta de recursos naturais que, finitos, lançam fortes sinais de alarme para uma mudança que se impõe. A economia de consumo devora-se a si própria e há valores que falam por si: ao mesmo tempo que se contam no mundo dois mil milhões de pessoas com graves deficiências nutricionais, encontra-se a mesma percentagem de obesos. Não esquecendo os 100 milhões de seres humanos que continuam a passar fome e a morrer dela, enquanto na parte do mundo onde tudo sobra se contabiliza um desperdício individual de 13 toneladas de alimentos ao longo da vida de cada um de nós.

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Claramente, o setor agroalimentar é dos que terá de mudar mais rapidamente por ser dos que mais emite gases tóxicos e mais água consome. Mas, em poucas décadas, também os transportes e a habitação, por exemplo, vão tornar-se diferentes, não só nas formas de conceção, mas nos próprios conceitos de utilização. Ter um, dois ou três carros à porta de casa será algo do passado. Os transportes serão de todos e para todos, além de usarem, sobretudo, o espaço aéreo.

A escala molecular da nanotecnologia, bem como a fabricação por impressão 3D são métodos que vão revolucionar o que precisamos para viver. Da comida à habitação. De resto, já há casas habitadas que foram construídas por impressoras tridimensionais. A bioeoconomia e a economia circular serão as bases em que vão assentar os futuros métodos de produção e consumo. Se já vivemos o tempo das necessidades e o período da abundância, entramos agora numa era que nos desafia a uma vida de equilíbrio.

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